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Carnaval promete levar multidões para as ruas

Por Mauro Werkema

O Carnaval de 2023 promete ser o maior de todos os tempos. E não só nas cidades onde a festa sempre foi imensa, mas também em cidades menores. Parece que a população quer recuperar o tempo perdido com a epidemia que, nos últimos três anos, impediu a grande festa popular. Contagiante e atraente, que alcança todo o território nacional, tornou-se um fenômeno coletivo que caiu no gosto popular e, de modo marcante, nos anos anteriores à epidemia. Em Belo Horizonte se prevê que o Carnaval tenha mais de 4 milhões de participantes, quase dobrando a população, para preocupação dos serviços públicos, mas também para a satisfação dos prestadores de serviço do turismo, hotéis, restaurantes, vendedores ambulantes especialmente. 

Acrescentam-se às manifestações carnavalescas mais tradicionais os blocos de rua, que se organizam com espontaneidade e informalidade, abertos e democráticos, mas que exigem preocupação e planejamento maior de prefeituras e serviços públicos quanto a horários, trajetos, questões de trânsito, segurança e limpeza pública. E que ganham milhares de participantes e vão crescer ainda mais este ano. E que revelam, mais uma vez, que o brasileiro, que já foi introvertido e envergonhado, avesso a alegrias públicas mas que, de repente, tornou-se folião animado, dançante, até fantasiado, conhecedor das “marchinhas” e das coreografias que animam os desfiles. 

Dizem os carnavalescos que o povo brasileiro merece esta alegria após a epidemia e os impasses governamentais, desencantos da vida difícil. Alegam que está restaurada a alegria popular e é hora de “lavar a alma” de todos os temores, desencontros, sobressaltos e dificuldades da própria vida. E mais: o Carnaval, a alegria, a extroversão, brincadeiras e ironias, sempre estiveram na alma do brasileiro. E o Carnaval permite esquecer os dramas do dia a dia, as lutas pela vida e extravazar, nas críticas e gozações, julgar governantes e costumes. A festa do “Rei Momo” é essencialmente satírica e irônica, nas fantasias, nos textos e músicas, em que o brasileiro exercita a liberdade carnavalesca para liberar opiniões.

Mas existem também dificuldades. Faltam recursos solicitados pelas agremiações, especialmente para escolas de samba, o planejamento não é fácil nem plenamente respeitado, é preciso ocorrer registro prévio de escolas e blocos, é essencial contar com serviços de urgência para acidentes e socorros médicos, ter efetivos no policiamento e nos serviços públicos, controle de bebidas e transgressões. São advertências e lembranças necessárias.

Ouro Preto merece atenção especial: cidade histórica, de ruas estreitas, trânsito difícil, edificações frágeis, acomodações limitadas e com interdições de vias públicas. Carências de serviços públicos. Não tem condições de receber número extraordinário de visitantes sem um risco de um colapso urbano, de energia elétrica, água, abastecimento alimentar, excesso de pessoas e automóveis. Seria conveniente informar previamente a todos os visitantes sobre as limitações da tricentenária cidade, prevenindo excessos. No mais, viva a alegria que o brasileiro precisa.

maurowerkema@gmal.com

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