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As relações de trabalho e o novo sistema híbrido

Pesquisa junto a organizações públicas e privadas revela que 60% pretendem começar a voltar ao trabalho presencial já em dezembro. A redução das mortes pela epidemia e da ocupação dos hospitais, mas, e especialmente, o avanço da vacinação, permitiriam evitar o isolamento social mais radical, embora ainda com cuidados capazes de reduzir contágios em situações mais propícias à propagação da doença. Não se trata, portanto, de uma liberação total e descuidada pois a epidemia ainda mantém-se e devem ser seguidos os cuidados com o surgimento de novos vírus e novas formas de contágio. Mas é preciso também considerar que muitas atividades, públicas e privadas, precisam retornar à sua normalidade operacional e produtiva, procurando recuperar atividade perdidas ou reduzidas. E reativar a economia.

As mesmas pesquisas revelam que cerca de 30% das instituições declaram a intenção de adotar o sistema híbrido, ou seja, parte dos funcionários poderiam continuar a trabalhar parcialmente no sistema do home-office. É que o avanço da tecnologia da informática permite hoje comunicação muito eficiente entre os que vão permanecer em casa e os que vão trabalhar nos escritórios. É claro que a permanência em casa depende da natureza do trabalho, ou seja, a atividade que dispensa o relacionamento presencial. A previsão e que as instituições, públicas e privadas, quando possível, vão evoluir para uma nova relação de trabalho, a que vem sendo chamada de “portabilidade do trabalho”, ou seja, pode ser exercido em qualquer lugar com o suporte da informática.

Esta nova realidade implica, no entanto, em novas questões, com definição de horário de trabalho, parte em casa e parte presencial, a observação da produtividade, se permanece a mesma ou fica prejudicada, a avaliação de resultados e performances, flexibilidade de horários, questões trabalhistas. Os especialistas têm ressaltado que a adoção do sistema hibrido depende também de uma relação de confiança entre patrões, chefes e empregados, o que exige um “olhar atento” às atividades e seus resultados, tornando obrigatória uma comunicação interpessoal ágil e eficaz. Exige um novo estilo de gestão e de acompanhamento, com um suporte técnico confiável. É claro que cada modalidade de trabalho vai ditar estes novos procedimentos. Uma outra questão está sendo lembrada: para os empresários, como também para o empregado, ocorrerá redução de custos com o sistema híbrido. O empregado ganhará com a eliminação da necessidade do deslocamento. Empregador e empregado podem sair ganhando se adotarem condutas adequadas a esta nova realidade.

De qualquer forma, estas advertências são importantes para a pós-epidemia, se é que podemos prever tal situação, uma vez que existem previsões de que o vírus vai exigir ainda maiores atenções em anos próximos. É importante ressaltar também que o trabalho remoto não poderá eliminar as chefias, que terão que permanecer presenciais. Os cargos de liderança, portanto, devem também se adaptar a esta nova relação. Finalmente, é salutar lembrar que a relação presencial é sempre mais rica na sua capacidade de perceber, dialogar, manifestar emoções e sentimentos e mesmo expressar melhor conceitos e ideias.

Existem gargalos e dificuldades em determinados processos que a informática não ajuda a sanar, exigindo a relação presencial. 

A dúvida maior é quando voltar adotar o sistema híbrido ou quando retomar o trabalho presencial pleno. A perspectiva é que o avanço da vacinação permitirá o retorno, com maior segurança, já em dezembro. Então, é hora de pensar nas mudanças possíveis, lembrando que existem questões variadas a considerar. O sistema híbrido pode representar maior qualidade de vida para o empregado, pode aumentar seu contato familiar, permitir trabalhos alternativos, confortos e flexibilidade de horários. Mas ele precisa também de ambiente adequado ao bom desempenho de suas funções. Em geral, exigirá também maior investimento em sistemas de informática. Mas é preciso, desde já, avaliar como ficarão o rendimento do trabalho e as exigências, especificidades e necessidades do serviço.

Acima de tudo isto, é ampla a esperança de que o Brasil melhore sua economia com o retorno tão esperado de retorno ao trabalho e à produtividade.

mauro.werkema@gmal.com

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