Mauro Werkema
O acordo de reparação aos danos causados pelo rompimento da Barragem da Samarco, em Mariana, destina R$ 2 bilhões para investimento em obras na Br-356 no trajeto da Br-040 até Mariana. O recurso é parte dos R$ 170 bilhões já repactuados em acordo assinado no último dia 25 de outubro no Palácio do Planalto, em Brasília. Como não existe ainda projeto detalhado de engenharia com indicação do volume e alcance das intervenções nesta rodovia não se pode afirmar que o recurso já pactuado, e que será administrado pelo Governo do Estado, seja suficiente. Isto porque são muitas as intervenções efetivamente suficientes para dar à Rodovia dos Inconfidentes novas e eficientes condições de suportar o pesado trânsito dos nossos dias. E evitar desastres semanais e conseguir redução dos tempos de viagem em rodovia tão importante.
O que é necessário, no momento, é que as Prefeituras de Itabirito, Ouro Preto e Mariana estejam atentas à liberação e uso deste recurso e até mesmo outros que possam ser aduzidos como, por exemplo, pelas mineradoras que utilizam a rodovia para o transporte de minérios, com caminhões pesados, lentos e perigosos, assunto já bastante discutido. Espera-se as cidades tenham efetiva participação na elaboração dos projetos de intervenção, pois a Br-356 atravessa amplamente seus territórios nos seus quase 90 km indicados para intervenções. Um bom e dramático exemplo, que precisa de ação eficaz e transformadora, é a travessia de Cachoeira do Campo, hoje estrangulada pelo excesso de veículos em denso meio urbano.
A duplicação da Br-356, implantada em 1952, pelo governador Juscelino Kubistchek, não é obra fácil como dizem os especialistas nos muitos debates que discutem sua duplicação, já realizados pelo DNIT, que administra a rodovia, ou pelo DER, estadual. A dificuldade é maior na Serra do Itabirito, onde um alargamento implica em desmonte de elevações volumosas. Mas a moderna engenharia rodoviária tem hoje recursos mais eficazes não só para os desmontes como também para evitar a interrupção total do trânsito, o que causaria imenso transtorno pois a rodovia atende três grandes municípios e mais de 30 distritos. E é rodovia turística, hoje importante atividade econômica para a região.
Outra notícia importante e que reinicia-se também uma discussão sobre a retomada das ferrovias no Brasil. E Minas Gerais, que tinha a maior malha ferroviária, quando se deu a extinção da Rede Ferroviária em 1986, foi o Estado mais prejudicado. É hora de o Governo do Estado, Assembleia Legislativa, Prefeituras da Região dos Inconfidentes, retomarem a proposta de reimplantação da ferrovia que ligava Belo Horizonte a Itabirito, Ouro Preto e Mariana, passando por General Carneiro, Rio Acima, Itabirito, Engenheiro Correia, Rodrigo Silva e outros distritos e povoados menores.
Estudos preliminares estão prontos, feitos por Comissão Especial da Assembleia Legislativa e pela Agência Central de Planejamento da Área Metropolitana de BH. Revelam que o principal investimento, que seria a implantação do leito ferroviário, continua íntegro, com exceção do centro de Itabirito. A ferrovia, em todo o mundo, com composições modernas, é meio de transporte eficaz, tão rápido como a rodovia, mais barato e permite uso múltiplo de passageiros e cargas. E seria muito eficaz para desanuviar o trânsito rodoviário da Br-356, inclusive dos caminhões que transportam minério de ferro.
No momento a Vale discute um novo programa ferroviário com o governo federal e é hora de Minas Gerais ter participação maior nesta discussão. O acordo passa pela renovação da concessão da Ferrovia Vitória a Minas, sob gestão da Vale. Já se acertou o retorno de vários trechos ferroviários em outros estados. A malha ferroviária mineira em operação pertence hoje à Vale, especialmente à Ferrovia Centro Atlântica, que transporta majoritariamente minério de ferro e algumas cargas pesadas. É hora de Minas e os municípios da Região dos Inconfidentes reivindicarem o retorno da ferrovia, para passageiros e cargas, beneficiando extraordinariamente imensa população e contribuindo decisivamente para o desenvolvimento econômico de extenso território.