Saneamento Básico representa a implantação de sistemas de água e esgoto e é essencial à vida civilizada e saudável. Independentemente das posições políticas, esta questão precisa ser bem conhecida e compreendida. A falta de água potável e de sistemas de coleta de esgotos, jogados nos córregos, são as duas principais causas de várias doenças. As enfermidades que tem causa no consumo de água não tratada, são muitas. Implantar sistemas de fornecimento adequado de água, passando pela produção, tratamento, distribuição domiciliar, custam muitos recursos e exigem conhecimento e competências através da contemporânea Engenharia Sanitária, um ramo competitivo e tecnológico da Engenharia. Igualmente caro, mas igualmente fundamental à saúde pública, é a coleta e tratamento de esgotos e de águas usadas.
Em Ouro Preto, como também em outras cidades históricas, e outras mais pobres, o saneamento básico não é bem compreendido. Em Ouro Preto é uma questão antiga e que encontra incompreensões por variados motivos: a população acostumou-se com a “pena d’água”, de graça, e que é vista como um “dom da natureza” e que não deveria ser cobrada. Mas são águas poluídas, contaminadas por fossas e esgotos sem tratamento, resultantes de ocupações desordenadas, em regiões de muitas minas antigas. A Escola de Farmácia, repetidas vezes, por muitos anos, divulgou análises da água ouro-pretana, atestando sua má qualidade. E os diagnósticos de saúde pública atestam a presença de várias doenças vinda da veicula hídrica.
O hidrômetro, rejeitado e apontado como o mau maior, é essencial. Promove a justiça no consumo, ou seja, a pessoa paga pelo volume consumido. E induz à economia no consumo, apontando vazamentos. E existe a tarifa social em que os mais pobres pagam menos. O Banco Mundial e outros organismos financiadores não liberam recursos para sistemas municipais de saneamento básico se não estiverem operando com hidrômetros. A perda de água pelos sistemas antigos é muito grande e o hidrômetro permite estimar a relação entre a água produzida e a efetivamente usada. Em síntese: o hidrômetro, ao medir o consumo de água potável, permite uma avaliação da eficiência do sistema de produção de agua, a perda na distribuição e o consumo verdadeiro.
Cidade turística, Patrimônio Cultural da Humanidade, destinado turístico famoso, precisa demonstrar ao visitante que possui alguns atributos básicos de conforto, segurança, saúde pública, garantia de civilidade. E ter água potável, garantida por um sistema moderno de Saneamento Básico, é hoje essencial em um mundo cada vez mais preocupado com as questões ambientais e o que representa para a qualidade de vida. Estas são verdades que as cidades antigas, ou mais pobres, entre elas Ouro Preto, precisam conhecer melhor. E precisam avançar na modernidade de sua qualidade de vida, no urbanismo civilizatório, no controle efetivo da saúde pública.
Este é um importante e inadiável debate público que precisa ser feito. E ser bem esclarecido. A implantação de um sistema público de produção, tratamento, coleta de esgotos e distribuição de água, em uma cidade como Ouro Preto, por sua topografia, notória falta de boas fontes de água, 13 distritos, exige muito tempo e demanda pesados investimentos. Por isto exige paciência. Mas e, sobretudo, entendimento de que se trata de providência inadiável, por muito tempo adiada e incompreendida por debates pouco esclarecedores ou dominados pela paixão política.
*Jornalista (mauro.werkema@gmail.com)