Mauro Werkema
A busca de uma solução para os caminhões de minério, pesados e perigosos, nas Brs-040 e 356, é matéria urgente e de fundamental importância para toda a chamada Região dos Inconfidentes. Estas estradas foram tomadas nos últimos anos, com a expansão da mineração, pelo transporte rodoviário de minério de ferro, uso perigoso e abusivo, senão indevido, causando muitos acidentes e retardamento do trânsito já intenso de veículos que se dirigem a cidades como Itabirito, Ouro Preto, Mariana, Conselheiro Lafaiete e Congonhas e cerca de 30 distritos. Tem imensa urgência, nesta realidade grave, e que se agrava a cada dia, a busca de uma “rodovia do minério”, em discussão entre as prefeituras envolvidas, sob o patrocínio do Ministério Público Estadual e a Associação dos Municípios Mineradores.
É claro que o custo maior desta rodovia alternativa cabe às mineradoras e, com peso maior, à Vale, que opera várias minas na região. E, na devida proporção, à Ferro Puro, recente mineradora, sediada em Acuruí, distrito de Itabirito. Não se trata de criminalizar a atividade mineradora, que tem outras repercussões nos impactos ambientais, mas de viabilizara meio de convivência possível, segura e civilizada, com região intensamente urbanizada, com trânsito que aumenta a cada ano, mas que enfrenta grave restrição de seguranca e conforto devido à ocupação perigosa e intensa das rodovias. Os governos federal e estadual, o DNIT, os órgãos de segurança, tem pleno conhecimento desta gravíssima situação, mas não oferecem solução.
No trecho que serve diretamente a Região dos Inconfidentes, a Br-356, o volume de veículos triplicou nos últimos anos. Automóveis, ônibus e agora caminhões, lentos e pesados, reduzindo o tempo de viagem e causando acidentes, que a estatística revela extraordinário crescimento. Há que se lembrar que do trecho com a Br-040 até Ouro Preto e Mariana, é a principal rodovia turística de Minas Gerais e que atende a grandes cidades. E, nos últimos anos, passou a ser utilizada também para os que se dirigem ao Espírito Santo, passado por Ponte Nova, devido ao temor de Br-381, a chamada “Rodovia da Morte”.
Agrava ainda mais esta situação o fato de a Br-356 ser antiga, construída por Juscelino Kubistchek em 1952, em substituição ao antigo percurso que passava por Nova Lima e Rio Acima. Montanhosa, na Serra de Itabirito, sem acostamento em longos trechos, por si já de trânsito mais lento, agora vê aumentar extraordinariamente o fluxo de veículos de toda espécie, mas, dramaticamente, também por caminhões e carretas de minério, em convivência difícil, perigosa e impossível de ser aceita em qualquer país civilizado. Antes, gastava-se pouco mais de uma hora de Ouro Preto a Belo Horizonte e hoje chega-se, conforme dia e hora, a até duas horas. E elevou-se o risco de vida.
A Associação dos Municípios Mineradores, com apoio do Ministério Público Estadual, com apoio das prefeituras, já traçou a Rodovia dos Minérios, passando pela região de Itabirito até a região da Br-040. É claro que o investimento é elevado, mas é justo que o custo maior caiba às mineradoras que tem consciência que a situação atual é insustentável. E a região, é bom lembrar, tem minério a pelo menos mais 50 anos. Torna-se lógico, senão inadiável, que uma solução precisa ser dada com urgência. Na verdade, o licenciamento dos empreendimentos minerários, no volume que atingem, já deveria ter contemplado soluções rodoviárias e de transporte, o que ocorre nos países civilizados. Mas mineradoras, onipotentes, escapam destas prescrições embora tenham plena consciência dos problemas criados.
Aguardemos, todos nós, que se viabilize uma solução em tempo breve, no interesse de todos e também das mineradoras.
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