Mauro Werkema*
A rápida e extraordinária velocidade de evolução da revolução tecnológica propiciada pelo advento da Internet, que atinge a todos, pobres e ricos, letrados ou não, tal a disseminação do uso de telefones e computadores, é tema crucial em todo o mundo. Discute-se limites de uso para o bem e evitar o para o mal. Distorções diversas e criativas do mau uso provocam, em toda a humanidade, conflitos, disseminações indevidas e mentirosas. Atingem pessoas e instituições, provocam discussões sem que haja transparência e responsabilidades do uso individual e das grandes redes. Mas também há que se reconhecer que a evolução é hoje vital para a vida, o conhecimento, as gestões públicas e privadas, os governos, as empresas, a vida em geral.
Os perigos são muitos. A tecnologia da comunicação tornou-se arma poderosa na disseminação de inverdades, em favor de interesses variados, inclusive os escusos. Tornou-se arma de disputa política e de ganhos eleitorais e também de destruição eficaz de reputações. Com poder de divulgação fantástica, em velocidade instantânea, sem controle, até internacional, é o problema maior deste momento da história da Humanidade. Mas, ao mesmo tempo, é importante reconhecer que é também instrumento de evolução do conhecimento, da ciência, de verdades, de esclarecimentos de interesse público.
As relações entre o respeito ao direito de opinião e o uso abusivo e destrutivo são estreitas. Impor censura, portanto, resvala para limites perigosos de cerceamento da liberdade individual. Esta é a dificuldade de impor uma nova regulamentação que coíba abusos, sem restringir liberdades. A questão desafia, governos, agências reguladoras e os criadores de tecnologia e as grandes plataformas digitas, algumas já condenadas pela disseminação de informações ilegais, antiéticas e, o que é pior, a serviço de interesses subalternos, de governos, de instituições de má conduta e outros objetivos condenáveis.
A Unesco acaba de realizar conferência constatando que a cada dia surgem, em larga escala, novas ferramentas tecnológicas ainda não totalmente testadas e operando livremente. E o seu uso indiscriminado, cada dia mais, revoluciona a existência humana em diversos aspectos. Trata-se de um novo experimento que revoluciona a vida e as sociedades, em escala sem precedentes, com muitos efeitos negativos.
Fala-se em criar comitês para arbitrar conteúdos, mas as dificuldades são tecnológicas, de controle e até de direitos à liberdade de opinião. Pensa-se que a evolução tecnológica terá breves impactos no jornalismo, na pesquisa científica, na medicina, nas gestões empresariais, na educação, na disputa política, na indústria, na difusão de ideias, nas condutas individuais. Pensa-se em criar mecanismos que quebrem o monopólio das gigantes tecnológicas e seu de disseminação, mas ainda sem encontrar um caminho que possa ser, ao mesmo tempo, eficaz e operacional.
O debate é amplo e parece ainda nos primeiros passos. E, sem dúvida, nas opiniões mais consistentes, é hoje o maior desafio da Humanidade e que precisa encontrar soluções urgentes. Pensa-se até que esta urgência se impõe como meio de obter controles justos, eficazes e mais éticos, antes que a tecnologia com seu imenso poder, se torna algo incontrolável e irreversível. E passe a controlar a vida de todos, de governos, de empresas, do estilo de vida e de sociedade. Eis o grande dilema do nosso conturbado tempo.
*Jornalista e historiador (maurowerkema@gmail.com)