Mauro Werkema*
Os estudiosos da História da Humanidade apontam quatro grandes transformações que ainda hoje conformam a vida no mundo: a primeira foi a civilização grega, que surge nos 350 anos antes de cristo, que nos deu a filosofia humanista e os conceitos de democracia e república; a segunda foi o Renascimento, principalmente na Itália, no Século Dezesseis, que abriu os espíritos humanos para a Ilustração e o Iluminismo e que levou à Revolução Francesa; o terceiro foi a revolução industrial, especialmente na Inglaterra, nos anos finais do século Dezenove e, a quarta, ainda em curso, é o surgimento da Internet, que permite a comunicação global, amplia o conhecimento, a informação e modifica as condutas humanas.
Na passagem do milênio, final do século vinte, as comemorações exaltavam a chegada de um novo tempo, de maior confraternização mundial, o avanço da Ciência e da tecnologia, o surgimento extraordinário da Internet, a ampliação do conhecimento da Medicina e, em meio a tudo isto, a possibilidade de se extinguirem, no mundo, a fome, as doenças, as guerras. Uma visão panorâmica do mundo atual desfaz este otimismo e nos deparamos, novamente, com as terríveis lembranças das duas grandes guerras do século vinte, voltando a preocupar a todos.
Vivemos, novamente, a “era das incertezas”. Não se sabe, com maiores certezas e esperanças, para onde caminha o mundo. Na Guerra Rússia-Ucrânia já se falou até em uso de bombas nucleares, com consequências imprevisíveis. E o mundo volta à Guerra Fria, entre Ocidente e Oriente, numa nova e conflituosa situação que irá redefinir a geopolítica internacional, modifica zonas de influência, os intercâmbios culturais, o comércio e o desenvolvimento econômico que possa reduzir desigualdades e aumentar a solidariedade entre as nações.
O extraordinário poder da Internet é outra incógnita. Os benefícios são imensos mas os malefícios também. Sua inserção no mundo que está se conformando é imenso. Não é à toa que o milionário Elon Musk acaba de comprar o Twitter por U$ 44 bilhões. E a chegada do 5G anuncia avanços ainda maiores. Mas e o Brasil? Já foi o sétimo país do mundo e hoje caiu para o 13º lugar. E ainda discute questões elementares da afirmação da democracia, da governabilidade, do desenvolvimento capaz de gerar empregos, combater a fome e reduzir os desníveis pessoais e regionais de renda.
Entre os desvios da Internet estão as fake-news, uso perverso da disseminação de notícias falsas ou tendenciosas, hoje uma poderosa arma eleitoral e de afirmação política e de poder. Anuncia-se seu uso intensivo na campanha eleitoral, como já ocorreu em 2018. A Internet, no Brasil, transformou-se em arma política, que precisa ser combatida com rigor. Enfim, este é o novo mundo deste século Vinte e Um em que o Brasil se insere, infelizmente nem sempre para aproveitar as benesses das boas transformações, no interesse de todos e em nome da evolução nacional.
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