Mauro Werkema
Até quanto as máquinas eletrônicas vão substituir atividades humanas básicas? Esta é a indagação que o debate sobre a evolução da inteligência artificial e seu excepcional e surpreendente avanço vai mostrando. E não há, no momento, lei ou legislação mais apropriada que possa conter ou controlar os avanços e sua aplicação para propósitos não éticos. O Supremo Tribunal federal está discutindo um maro civil para a internet que, no Brasil, não tem ainda quaisquer limitações. O mau uso da internet, com as fake-news, virou arma política e, apesar do reconhecido uso maléfico, continua em pleno avanço.
Agora, e bastante surpreendente, a inteligência artificial anuncia o “Chatbot Bing”, que tem acesso aos milhões de dados da internet, que acumula a quase totalidade dos conhecimentos produzidos pela Humanidade até agora, em todos os campos do saber. Tal conhecimento permite um diálogo inteligente entre pessoas, percorrendo padrões e propiciando conversas inteligentes. Este novo invento abre perspectivas muito amplas, e até ainda impensáveis, para diversos desdobramentos. O c computador passa a conversar e sustentar diálogos.
A preocupação maior decorre do fato de que é impossível controlar ou limitar a corrida e a competição entre países e empresas que se dedicam ao estudo e a pesquisas avançadas. Não há, no horizonte internacional, instituições que possam se interessar em coibir estes avanços. E não se sabe ainda quais serão os usos que tal Inteligência are para o mundo e, também, inevitavelmente, para o uso negativo e maléfico, ao sabor de interesses não éticos e de conquista e manutenção de poder.
Tal perspectiva nos faz lembrar de ”1984”, de George Orwell, que mostra um computador governamental controlando a todos, com diálogo interrogatório e limitador. É o estado policial controlado pelas máquinas. Indaga-se se é possível aos governos e empresas controlar estas novidades e só liberá-las após exame dos seus limites e usos. Nesta situação entrará, sem dúvida, a competição geopolítica, que hoje divide os EUA, a China e a Rússia, na corrida tecnológica, tanto quanto na corrida armamentista. É possível mesmo, segundo os especialistas, que esta competição até estimule o avanço das pesquisas, como vantagem competitiva.
Estes avanços trazem outras implicações, também em discussão: teme-se pela limitação à liberdade de expressão, a privacidade e a transparência informações, públicas ou privadas, direitos essenciais que também estão ameaçados. Um “marco civil” é desejável mas não é fácil separar seus limites e a censura que, de resto, é difícil, complexa e não deverá obter adesão plena. E é difícil identificar seus limites, com julgamentos de valor, sem preconceitos ideológicos ou disputas de poder.
Não será fácil controlar o caráter disseminativo, internacional e veloz, das mídias tecnológicas. A Internet, para o bem e para o mal, alcançou hoje limites incontroláveis, alcançando tudo e a todos. Todos hoje têm telefones de elevada geração tecnológica, universalizados, que já vão mudando a vida em quase todos os setores da sociedade, nas famílias, na escola, nas empresas, na comunicação interpessoal.
Este é, enfim, o novo mundo, ainda misterioso e imprevisível que a inteligência artificial apresenta, ainda sem sabermos onde vamos parar, para o bem e para o mal.
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