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Uma lenda sobre retidão

Valdete Braga

Reza a lenda que, em tempos distantes, havia um jovem que passava necessidades. Eram tempos de guerra, e, não conseguindo emprego em sua vila, o jovem foi até o palácio de um duque muito rico, na esperança de conseguir lá um emprego.

Foi até o duque, que perguntou o que ele fazia bem e, honestamente, ele respondeu que “não era bom em nada”.

Impressionado com a honestidade, o duque ordenou que fosse dado ao jovem um lugar para comer e para dormir. Assim, ele ficou morando no palácio, sem uma atribuição definida, o que fez com que os demais funcionários o desprezassem e tratassem mal.

Certo dia, o duque reuniu todos os funcionários e informou que precisava de um voluntário para ir a uma vila distante para cobrar impostos do povo, e o rapaz se ofereceu para ir.

Antes de partir, perguntou ao duque se ele precisaria de alguma coisa a ser comprada com o dinheiro que arrecadasse. O duque respondeu:

– Dê uma olhada por todo o palácio e compre o que você achar que eu preciso e não tenho.

Ao chegar ao local, ele viu que se tratava de um vilarejo muito pobre, cujos moradores não tinham dinheiro para os impostos. Ainda assim, conseguiram uma quantia e a entregaram. O jovem recebeu o dinheiro, anotou em seu livro de contas, e em seguida devolveu-o aos moradores, que não entenderam o ato, mas ficaram muito gratos. Em seguida, juntou toda a documentação e a queimou, deixando claro que nunca mais seria cobrado nada daquela vila, e voltou ao palácio.

Ao chegar, o duque perguntou o que ele havia comprado e ele respondeu:

– O senhor pediu que eu comprasse o que precisasse. Olhei por todo o palácio, e vi que o senhor tem tudo, menos uma coisa: retidão. E foi o que comprei.

– Mas retidão não se compra – respondeu, espantado, o duque.

O jovem respondeu:

– A vila onde fui pertence ao senhor, e os moradores passam por sérias dificuldades, mas o senhor não os ajuda e quer apenas o dinheiro deles. Quando lá estive, tratei-os com respeito e, em seu nome, devolvi o que lhes pertence e garanti dignidade a partir de agora. Em resposta, eles ficaram gratos ao senhor. Foi assim que comprei retidão para o senhor, respondeu o rapaz.

O duque não gostou da ideia, mas nada disse. Anos depois, começou uma guerra e o duque precisou fugir. O jovem se ofereceu para acompanhá-lo e o levou, juntamente com a família, para aquela vila. Os moradores os receberam com carinho e os mantiveram seguros, longe dos inimigos e da guerra.

Agradecido, o duque entendeu que fazer a coisa certa sempre apresenta recompensas.

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