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Um muro chamado educação

Depois de meia hora de uma discussão que estava claro não levaria a lugar nenhum, um dos interlocutores perguntou a minha opinião. Eu respondi que preferia não me envolver no assunto. Falavam sobre política, e, apesar de amigos, as opiniões eram água e vinho. Jamais chegariam a um consenso. Foi então que um deles saiu-se com a frase preferida dos mais aguerridos: “você precisa ter um posicionamento, não pode ficar em cima do muro”.
Sem perder a calma, respondi: “mas quem disse que eu não tenho? Só não vale a pena ficar horas debatendo por algo que não vai levar a nada. Vocês estão falando a mesma coisa, cada um defendendo o seu ponto de vista, tem mais de meia hora. Algum dos dois mudou um milímetro”?
O cidadão começou um discurso que eu ignorei e continuei o papo com outras pessoas, do mesmo grupo, que falavam de outras coisas.
O grande problema do partidarismo político é exatamente este. Existe por parte de algumas pessoas, já não sei se são maioria ou não, esta cobrança de que o mundo inteiro precisa “se engajar”, mas desde que o engajamento seja do lado dele, é lógico. Um não admite sequer a possibilidade de ter algo positivo no que o outro fala, mesmo sem ouvir. E isto, que fique claro, vale para os dois lados. Por isto evito, e se para uns esta atitude significa “ficar em cima do muro”, que seja. Melhor até me deixar quietinha lá, porque se eu resolver descer, o bicho pode pegar.
Tenho posicionamento sim, estou consciente do que quero para a minha cidade e o meu país sim, como tenho consciência do que quero para o meu bairro, minha rua, minha casa. Somos todos elos de uma corrente e é óbvio que eu tenho minhas opiniões formadas. Não sou acéfala, nem idiota ou burra. Só não preciso sair gritando e brigando, xingando palavrões e ofendendo quem não comunga com minhas idéias. Se der para conversar, dialogar, debater, ótimo. Se não der, tchau e pronto. Ninguém precisa pensar como eu, assim como eu não preciso pensar como ninguém. Mas todos têm a obrigação de me respeitar e eu tenho a obrigação de respeitar a todos. Sou super aberta ao diálogo, mas na primeira ofensa, a conversa acaba.
Isto serve não apenas para política, mas para tudo na vida. Onde não existe respeito, não existe conversa. E isto não tem nada a ver com ficar em cima do muro, pelo contrário, tem a ver com construir um muro de nome educação. Não para ficar em cima, mas para deixar os deseducados do outro lado. Não preciso sair levantando bandeira nem gritando palavras de ordem para estar engajada. Muito menos ficar horas discutindo com alguém, elevando a voz, a ponto das outras pessoas presentes deixarem os dois falando sozinhos e iniciarem um papo saudável. Coisa feia, isso. Não, eu não preciso ser fanática para ter uma posição. De nenhum lado que seja.

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