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Tudo, menos fatalidade

Por Valdete Braga
Não consegui assistir as matérias sobre o assassinato do jovem Moise Mugenyi Kabagambe – sim, ele tem nome e sobrenome, não é simplesmente “um congolês”, como muitos veículos se referem a ele, depois dos acontecimentos. Li sobre, informei-me através de veículos sérios, mas não consegui assistir às cenas flagradas por câmeras de segurança. Ando mais sensível do que o normal, e se saber dos fatos através de leitura já trazem lágrimas aos olhos, vídeo eu não suportaria assistir. 
Talvez seja covardia da minha parte, mas acreditar que seres (recuso-me a chamar de humanos) são capazes de tamanha atrocidade dói demais.
Justiça? Um dos seres teve a ousadia, petulância e atrevimento de dizer que “não queriam matar” e que o que aconteceu foi “uma fatalidade”, em um vídeo que também não assisti, mas que repercutiu muito. A seres assim não deveria nem ser dada voz.
Espancar alguém até a morte e chamar de “fatalidade” vai além da compreensão, para quem é gente. Gente tem sentimentos, tem coração, e estes cinco seres não têm nenhum dos dois. Não são humanos, são a encarnação do mal.
Fala-se em intolerância, violência, crueldade, mas vai muito além. Tudo isto junto em um único ser (no caso, em cinco) os tornam muito mais do que cruéis. Sei que não são humanos, mas não consigo definir o que possam ser.
E agora? Uma vida foi tirada com requintes de crueldade, e o que vai acontecer? Que “consolo” terão os familiares para esta dor inconsolável? Serão os assassinos julgados, condenados e sairão livres em poucos anos, para fazerem o mesmo, ou pior, com outra vítima? 
Não sou favorável à pena de morte por motivos vários, mas este tipo de seres deveria amargar prisão perpétua, para evitar novas “fatalidades” pelas suas mãos. 
Fico imaginando se o caso não tivesse repercutido como repercutiu, se não ficaria tudo por isto mesmo e sequer esta tênue esperança de justiça nós teríamos. Imagino quantos casos estarrecedores acontecem e não chegam ao nosso conhecimento, quantas vítimas são caladas, quantos inocentes amargam uma vida inteira de dor e revolta, sem ter a quem recorrer?
Imagino e me entristeço com as supostas justificativas, com a e existência de seres capazes de atos como este e ainda encontrarem uma razão para isto, dizerem “não queríamos matar” como se a covardia cometida fosse normal, como se “não querer matar” justificasse todo o restante.
Assustador e inimaginável que alguém seja capaz disto. Mas os cinco envolvidos foram, e outros cinco e mais cinco existem, o que assusta ainda mais. 
Não fomos criados para isto, não nascemos para isto. Alguma coisa muito errada aconteceu neste caminho, porque este não é o objetivo de nossa existência.

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