Estamos na onda roxa, com toque de recolher. Por incrível que pareça, ainda existe quem duvide da situação, ironize o vírus e “não acredite” no óbvio. O número de óbitos cresce assustadoramente em nosso município, em uma triste realidade que é nacional, e muitos ainda estão preocupados com a festa em que não poderá ir ou a balada que não pode acontecer por enquanto.
Há pessoas indignadas com o toque de recolher, sem pensar que a sua indignação deveria ser direcionada para o fato de termos chegado a este ponto. A revolta de alguns, graças a Deus não todos, com os profissionais que fazem a fiscalização para que não saiam sem necessidade após as 20 horas deveria ser dirigida aos que saíram tanto a ponto de criarem esta necessidade agora.
Obviamente, não me refiro a pessoas que saíram durante a pandemia por necessidade, seja para o trabalho ou para alguma questão de importância. “Fique em casa” não se refere a estas pessoas, e isto já está muito claro, quem diz o contrário, atualmente, não o faz mais por ignorância, e sim por má fé, mesmo.
Se hoje, mais de um ano após o primeiro caso confirmado de Covid 19 no país, ainda nos encontramos nesta situação caótica, não é por culpa de quem saiu por necessidade. A culpa é exatamente desses que continuam desdenhando e não se sensibilizam quando atingimos mais de 300 mil mortes no país, e 64 óbitos em nosso município. Triste estatística.
Salvo raras exceções, quem sai para trabalhar não é quem está se utilizando de frases de efeito como “se não morrermos pelo vírus, vamos morrer de fome”.
Quem sai para trabalhar, repito, salvo exceções, sai com os devidos cuidados e não abusa como estávamos vendo. O toque de recolher não é para trabalhadores.
A conta é bem simples: quem sai para baladas, cervejadas e churrascos todo final de semana, não está em risco de morrer de fome. Quem pode viajar em grupos e se aglomerar em nossos distritos, não está passando dificuldades na pandemia. E são esses, infortunadamente, que estão contra o toque de recolher e desrespeitando profissionais no cumprimento de seu dever. Não porque precisam sair, não porque estão tentando levar o pão para sua família, mas porque estão sendo impedidos de se divertir. Querem a sua diversão acima da vida humana.
Se estes revoltadinhos pela falta de bebida, balada e viagens tivessem tido a preocupação com os trabalhadores que hoje tentam usar como justificativa para continuarem suas farras, mais importantes do que a vida deles e dos outros, talvez não tivéssemos chegado a este ponto.
Todos temos direito ao lazer. Todos estamos exaustos com este momento pelo qual passamos. Mas, mais do que nunca, precisamos de cautela. Ainda não é hora. Tomara Deus passe logo, mas dure o tempo que durar, o lazer de ninguém é mais importante do que a vida de alguém.