Em uma reunião sobre a implantação de um projeto social, o debate era sobre o pedido de ajuda financeira para quem tivesse condição e vontade para tal.
Alguém diz: “eu conheço pessoas importantes”. Foi um comentário sem maiores pretensões, mas que faz pensar no sentido de “importância”.
Na fala em questão, dentro do contexto da conversa, o conhecimento dizia respeito unicamente à condição financeira. “Conheço pessoas importantes” poderia ser substituído por “conheço pessoas que têm dinheiro”.
A palavra “importância” não cabe neste sentido. Todos que se encontravam na reunião eram igualmente importantes, pelo sentido do projeto em questão. Da mesma forma, na vida existe muita gente importante, independentemente de sua situação financeira. Ricos, remediados, pobres, como avaliar a importância de alguém?
A resposta seria não avaliar, nem pela condição financeira nem por nada, na verdade. Este tipo de avaliação acaba se tornando julgamento, e quem somos nós para julgarmos alguém?
Muitas vezes aquela pessoinha bem discreta, quietinha no canto dela, é alguém enorme, com exemplos de vida que ninguém vê. Outras vezes, aquele que se arvora em ser o dono do mundo, pode ser uma pessoa sem nada de concreto para acrescentar em sua vida ou do outro.
Vemos muito isto em redes sociais. Muito discurso, muito engajamento, gente que se mostra tão grande na tela, e que na vida às vezes é tão pequena…
Não são todos, obviamente, há quem se mostre como é, mas o oposto também é muito comum. Não é difícil enganar com palavras, mas na hora da atitude a coisa muda, e uma hora, mais cedo ou mais tarde, a máscara sempre cai.
Em tempos de tanta exposição virtual, é preciso cuidado com o que se lê e se ouve. Ninguém vai querer mostrar o seu lado pior, e diante da câmera do celular é muito fácil ser perfeito.
Ninguém é uma coisa só, nem só bom nem só ruim, todos nós temos dentro de nós os dois lados, e cabe a nós escolhermos qual deles cultivar. Não conseguimos ser só bons, porque, como seres humanos, não estamos prontos ainda, uma hora sentimentos negativos afloram, e isto faz parte da vida.
Nesta hora, no aflorar do nosso lado negativo, é que precisamos ter discernimento para entender e lutar contra isto, e aí entra a nossa importância, importância esta que todos possuímos, algo que não tem nada a ver com nossa condição financeira.
Quem tem dinheiro oferece dinheiro, quem tem tempo livre doa este tempo, quem tem conhecimento do assunto ensina, etc, e assim todos ajudam, dentro de sua importância.