Valdete Braga
Não se trata de quantas pessoas temos à nossa volta. Não se trata do número de pessoas com as quais convivemos, dos lugares que frequentamos e de quantos são os membros de nossa família ou de nossos amigos. Podemos estar em uma multidão e nos sentirmos sozinhos, ou estarmos isolados em uma ilha e o coração preenchido de esperança para sair dali.
Não há como definir solidão, ela depende de muitos fatores e do contexto em que está inserida, ela é sentimento e sentimento não se define. Pode chegar nos momentos mais inusitados, e se o ambiente físico em que se insere tem muita gente, ela chega ainda mais forte.
É muito triste esta solidão acompanhada, quando olhamos para um lado e vemos gente, para o outro e vemos mais gente ainda, mas não conseguimos nos identificar. Forçamos uma conversa, rimos das piadas e mantemos a expressão de quem está se divertindo, mas a vontade é sair correndo dali e nos refugiarmos na solidão sem acompanhantes, onde podemos ser nós mesmos.
Isto pode acontecer com qualquer pessoa a qualquer momento, e geralmente está associado a um sentimento interno que só quem vive pode avaliar. O luto é talvez o mais forte deles, mas existem outros, e como todo sentimento precisa ser vivido. Temos direito ao sofrimento, o que não podemos é nos entregarmos a ele. Dias de solidão podem servir como mola propulsora para, depois de vencidos, nos ajudar a seguir mais fortes diante das adversidades.
Obviamente, quando estamos imersos na sensação, não enxergamos isto com clareza, e é aí que entra a Fé de que vai passar. Devemos pensar “vou viver este momento, mas não me afundarei nele, amanhã é outro dia e poderei recomeçar”. Lutar contra o sofrimento não significa não o vivenciar, e sim vivenciá-lo com esperança.
É muito triste a solidão, e precisamos ser fortes para passarmos por ela. Podemos passar por ela sem forçar situações, sem mentirmos para nós mesmos e principalmente sem a sensação de que é para sempre. Não é e tudo passa, às vezes mais depressa, outras mais devagar, mas passa. O tempo não para e ele existe para tudo.
Ao olharmos a multidão e nos sentirmos sós, lembremos da ilha deserta e esperança de sair dela. Se quisermos sair da multidão, saiamos, vamos para casa ler um livro, assistir a um filme ou simplesmente dormir, o que tivermos vontade neste instante. Importante é que o façamos em respeito ao nosso momento, mas sem nos entregarmos a ele.
Acordaremos em um novo dia onde tudo pode acontecer, e este “tudo” engloba problemas e soluções. Se a solução não chegar ainda neste dia chegará no próximo ou no próximo, mas enquanto mantivermos acesa a chama da esperança o caminho estará iluminado para a sua chegada.
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