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Rede social não é a voz do mundo

Após passar o final de semana fora, chegando a Ouro Preto, deparei-me com uma fila de carros quilométrica, para abastecimento, no Posto das Lajes. Estava com amigos e concentrada em curtir o mundo real. É tão boa a convivência física e emocional, o olho no olho, a conversa com os lábios e não com os dedos! Adoro passar os finais de semana, quando o tempo é todo nosso, assim. Ao lado de pessoas queridas, dando e recebendo carinho e nos divertindo no mundo real. Sempre que posso, saio mesmo, e nem me lembro de tecnologia.
Por causa disto, não fiquei sabendo o que aconteceu. Fui informada de que “haviam avisado” que à meia noite daquele dia, começaria uma nova greve de caminhoneiros e que esta seria mais forte do que a anterior. Me informaram também que “avisaram” que era para nos prepararmos, estocarmos gasolina e alimentos, que desta vez “não ia passar ninguém”.
Achei estranho, afinal eu não me preocupei com internet nestes três dias, mas isto não quer dizer que me desconectei do mundo. E não ouvi nada a respeito. Fiz a pergunta óbvia: Quem informou? Qual a fonte da informação? Como aqueles motoristas da fila pela qual passamos ficaram sabendo de uma notícia tão importante? Um dos amigos que estavam conosco não perde os telejornais e não viu esta notícia em nenhum deles, ou teria comentado. Procurei me informar melhor e ouvi que a notícia “estava rolando no whatssap”.
Quando as pessoas vão aprender que rede social não é a voz do mundo, pelo amor de Deus? Qualquer pessoa pode gravar um áudio falando qualquer coisa e sair espalhando aos quatro ventos. Aí pronto! A “notícia” viraliza, se torna verdade e o terrorismo está lançado.
Acordei segunda feira sem greve nenhuma. Existem “indícios” de que aconteça depois do feriado. Se vai acontecer ou não ninguém sabe ainda. Aí alguém vai no whatssap, faz uma áudio e fala que “a partir da meia noite deste domingo tudo vai parar”. Sem saber quem falou, de onde veio o áudio, quem gravou, corre todo mundo para abastecer. Seria cômico se não fosse trágico.
O mais engraçado disto tudo é que muitas das pessoas que correram para esta e outras filas, devido a um áudio de whatssap, criticam a imprensa o tempo todo. Não deveria ser engraçado, mas é. Existem erros na imprensa, sim. Mas generalizam-se os jornais como “mídia marrom” e similares e acreditam cegamente no “zap zap” (detesto este apelidinho). Conheço vários jornalistas sérios, que prestam excelentes trabalhos à coletividade, em diferentes áreas da imprensa. Obviamente, sei que existem outros que justificam as críticas, mas estes não fazem parte do meu circuito. Como pode alguém generalizar e criticar os jornais e telejornais (todos) e atender sem contestar um chamado de whatssap? Haja incoerência!

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