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Quatro anos depois

Valdete Braga

Há quatro anos, aguardávamos, ao mesmo tempo assustados e esperançosos, por um novo mundo. Esperávamos por um “novo normal”, expressão que ganhou corpo e tornou-se sinônimo de esperança, em tempos tão angustiantes.

Acreditávamos que este “novo normal” seria uma evolução para a humanidade, um aprendizado pós-pandemia. O plural não se refere a algumas pessoas, ou muitas pessoas, ou uma cidade, um estado, um país. O mundo todo parou, o mundo todo esperava.

Uma pandemia de proporções assustadoras, que dizimou tantas vidas, levando embora tantos entes queridos de tantas pessoas, deixando sequelas físicas, mentais ou emocionais em todos nós, seres viventes que habitamos o planeta, mudou o mundo para sempre.

Impossível passar pelo que passamos sem alguma marca, mesmo nós, abençoados, que seguimos sem sequelas físicas e sem perdas de parentes.

Naqueles tão pertos e tão longínquos anos de 2020 e 2021, assolados pelo vírus da covid, quando pensávamos durar 15 dias, depois um mês, e a situação foi se prolongando, tínhamos a esperança de que com esta lição da natureza, a humanidade melhoraria.

Hoje, quatro anos após, parecendo que foi ontem e ao mesmo tempo parecendo fazer tanto tempo, constatamos que isto não aconteceu. A impressão que temos é do oposto. Estamos piores, involuímos, regredimos, e isto é assustador.

O que a princípio parecia ser uma questão político partidária, foi crescendo e se expandindo para outros aspectos. O homem é o culpado, não o partido A ou B, ou o dirigente A ou B. A polarização após as últimas eleições demonstrou o que de pior tem o ser humano, e este pior expandiu-se para todos os aspectos da vida.

O sonhado “novo normal”, que esperávamos nos tornaria seres humanos mais tolerantes e condescendentes, que valorizassem as coisas simples e cuidassem da natureza, que entendessem os verdadeiros valores da vida após tantas perdas materiais e emocionais, não aconteceu.

Rapidamente foram esquecidas as perdas, os sonhos, a vontade de melhorar. Muito depressa voltaram a ganância e luta pelo poder, a agressividade e crueldade de que o ser humano é capaz.

Quatro anos depois, estamos piores. Qualquer faísca vira um fogaréu em discussões às vezes por bobagens, as palavras saem com aspereza dos lábios de interlocutores, gritos e gestos obscenos são vistos como coisa corriqueira.

Triste, muito triste pensar que não aprendemos nada, que a natureza mostrou, mas que, o “novo normal”, que sonhamos seria positivo, infelizmente hoje parece pior do que o antigo.

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