Uma amiga perguntou-me, muito chateada, porque as pessoas que consideramos são as que nos decepcionam. Disse a ela que a resposta estava na própria pergunta. Ou seja, é exatamente porque nos importamos com elas.
Quantas vezes sofremos injustiças, ou ficamos sabendo que alguém falou algo a nosso respeito, às vezes inverdades, por motivos dos mais variados? Dependendo de onde vem a ofensa ou a mentira, não nos abalamos, porque não temos nenhuma ligação emocional com o ofensor.
No caso de fofoca, é muito pior a sensação por quem acreditou do que por quem disse. Se alguém fala algo de você para um amigo e ele acredita na mentira, sua mágoa vai para o amigo e não para quem falou. Muitas vezes, como no caso da pessoa que me perguntou, nem interessa quem disse. A decepção dela foi pelo fato de alguém que ela pensava que nutria por ela um carinho durante anos, ter acreditado em algo que ela não fez.
Tudo ficou esclarecido, mas o cristal quando quebra não pode mais ser emendado. Daí veio a pergunta: por que a decepção vem de quem gostamos? Talvez pelo fato de deixarmos de gostar. Quando a confiança acaba, acaba tudo. E quem ama acredita, protege, cuida. Antes de ir acreditando no que fulano ou sicrano falou de você, o mínimo que você deve fazer é procurar a pessoa para saber o que está acontecendo.
Quando o sentimento é real, seja ele amor, amizade, carinho, não embarca tão fácil em canoa furada. Com o tempo, a gente vai aprendendo a conhecer os sinais, a separar o joio do trigo e a não se deixar levar facilmente. Mas ainda assim podemos nos enganar.
Foi o que aconteceu com a minha amiga. Ela não esperava, e por isso se decepcionou. Não se decepcionou com quem inventou mentiras sobre ela, mas com quem acreditou, porque era nele que ela confiava.
O mundo anda tão conturbado, é tão difícil confiar verdadeiramente em alguém, que quando acontece devemos preservar este sentimento e não nos deixarmos levar por comentários maldosos ou pelo que alguém disse, sem dar ao outro o direito de se explicar. Quem faz isso demonstra que não merece o sentimento que lhe é dedicado. Ninguém é obrigado a corresponder ao sentimento de ninguém, mas quando diz que é assim, que seja, então. E quem realmente gosta não decepciona. Errar todos erramos, mas é preciso saber filtrar o que nos chega aos ouvidos, e principalmente ter discernimento para avaliar a situação. Caso contrário, a perda pode ser irreparável.