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Onde a linha da ética foi rompida?

Esta semana fomos surpreendidos com vários meios de comunicação divulgando a triste história da atriz Klara Castanho. O fato, em si, é triste demais, mas não é sobre ele esta crônica.
Tão assustador quanto a história em si, é a forma como ela chegou primeiramente ao público, de maneira, ao que tudo indica, equivocada, para dizer o mínimo. Jornalistas e youtubers, dito “influenciadores”, invadiram a intimidade da moça a ponto dela precisar (sim, precisar) escrever uma carta aberta para se explicar por um fato que, também segundo ela, estava sob sigilo.
O objetivo desta crônica não é falar sobre o fato, até porque ele não é de interesse público. O objetivo aqui é questionar até onde vai esse pseudo “direito de expressão” de algumas pessoas, jornalistas ou não, famosas ou não, que se dão o direito de falar tudo, expor tudo, sem limites.
Se a pessoa quer ir para a internet expor a si mesma, sem envolver terceiros, o problema é dela, mas invadir a intimidade do outro, seja ele pessoa pública ou não, é outra história. Se a “notícia” é uma mentira, fica ainda mais sério.
Ao contrário do que possa parecer, não acontece apenas no meio das celebridades ou dos famosos. Vivemos uma época em que basta um celular ou um computador para muitos se acharem o maior repórter investigativo do mundo.
Klara Castanho é uma atriz famosa, com apoio da maior parte da mídia (ainda existem profissionais sérios no meio) e apoio familiar. Isto não minimiza a crueldade do que fizeram com ela, mas com certeza vai ajudá-la não só a superar, como, se for do interesse dela, e isso só cabe a ela decidir, recorrer aos meios jurídicos para punir os culpados, mas acontece também com anônimos, em outras circunstâncias, que muitas vezes não possuem este suporte.
Com quem quer que aconteça, e qualquer que seja a situação, a falta de ética está presente de forma assustadora. Enquanto muitos estudam por anos, se preparam e tentam desenvolver um trabalho sério, outros pegam um aparelho celular e saem em busca de “notícias” que muitas vezes não passam de fofocas infundadas e cruéis. 
O caso da atriz ganhou repercussão por ela ser quem é e merecidamente ter conseguido apoio. Foi corajosa, expôs a verdade para desarmar os “jornalistas”, enfim teve, repito, merecidamente, condições de se defender. Em casos ditos “menores”, onde os envolvidos não sejam jornalistas ou influenciadores conhecidos, mesmo sendo “menor” a vítima não é menos vítima.
Difícil descobrir onde erramos como sociedade, onde a linha da ética foi rompida e onde pessoas sem escrúpulos passaram a ser “formadores de opinião”. Falhamos, falhamos feio, quando começamos a aceitar como jornalismo qualquer artigo que lermos ou como jornalista qualquer pessoa que tenha algo a dizer, independente do que seja. Quem sabe agora acordamos?

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