Valdete Braga
Alice era uma menina de onze anos de idade, cujo sonho era ter uma bicicleta. Em um Natal, pediu uma de presente, mas os pais não tinham condições para comprar, eram uma família muito unida, mas também muito pobre.
Ansiosa por dar esta alegria à filha, a mãe foi até um bazar de brinquedos usados e encontrou uma bicicleta em bom estado. Comprou-a por um valor bem inferior ao de uma bicicleta nova, e no Natal presenteou a filha com ela.
Alice ficou eufórica e saiu pedalando a bicicleta, orgulhosa e feliz, pela pequena cidade onde morava.
Foi sorridente até o parque e lá estava Tereza, sua colega de escola, junto a outras crianças. Tereza era a típica “menina rica”, que sempre contava vantagens e esnobava os colegas com seus brinquedos caros e de última moda.
Acostumada com as melhores roupas e acessórios, Tereza sempre implicava com Alice pelas vestes simples que ela usava e a humilhava por não carregar o material escolar em uma mochila da moda, Como Alice não caía nas provocações, ficava mais irritada e acabou desenvolvendo antipatia por ela.
Alice entrou no parque e, quando passou pelas colegas, Tereza apontou para ela e, rindo, falou bem alto para as colegas, a fim de que ela ouvisse:
– Vejam! É a bicicleta que eu dei ao bazar para ser vendida. Está tão velha que já não me serve mais. Só mesmo uma família pobretona para comprar.
Todas as crianças começaram a rir, e Alice voltou arrasada para casa. Deixou a bicicletas no terreiro, entrou chorando e correu para o quarto.
A mãe foi atrás dela, perguntou o que aconteceu e a criança contou sobre o encontro e como as colegas riram dela. Aos prantos, ela falou para a mãe:
– Todo mundo riu de mim. Nunca mais eu quero presente de Natal.
A mãe sentou na cama bem perto da filha, abraçou-a e perguntou:
– Antes deste triste acontecimento, você estava muito feliz com a bicicleta, não estava?
– Sim – ela respondeu. Mas eu não sabia que ela tinha sido daquela antipática da Tereza. Agora ela vai ficar zombando de mim.
– Minha filha, isto não importa – disse a mãe, abraçando-a. Natal é muito mais do que presentes. Seja ele novo ou usado, caro ou barato, o que conta é a intenção de quem dá e de quem recebe. Uma bicicleta era o seu desejo de Natal e foi com muito amor que eu a comprei para você. Natal é isso: amor.
A criança parou de chorar, abraçou a mãe e disse:
– Obrigada, mamãe. Você tem razão, não tem importância o que Tereza falou e nem as colegas que riram com ela. Nós não temos dinheiro como ela e os pais, mas temos muito amor e foi com este amor que você comprou a bicicleta. Acho que eu tenho muito mais do que ela.
E aquele foi um dos melhores natais da vida de Alice.