Vivemos tempos difíceis. Estamos todos estressados, tensos, preocupados com o que estamos vivendo e mais ainda com o que pode estar por vir. A quarentena deixa as pessoas tensas e os que precisam sair o fazem com medo. Esta sensação generalizada de impotência nos deixa desanimados e isto é natural, mas não podemos deixar que estas sensações negativas se tornem mais fortes do que nós mesmos.
O estresse é justificável, o cansaço e o desânimo também, mas mesmo sendo as sensações justificáveis, os atos que elas estão provocando em algumas pessoas não o são. Estar ansioso, nervoso ou tenso não significa poder sair por aí agredindo os outros e xingando todo mundo, como se fossem culpados pelo que estamos sentindo.
Não estamos mais à beira do caos, e sim dentro dele, seja governamentalmente, socialmente, economicamente e, de todos o pior, no setor de saúde. É exatamente por isto que precisamos fazer de tudo para manter nossa sanidade mental. Em lugar de justificar agressões verbais e até físicas pelo nervosismo, procurar controlá-lo e olhar para o outro com mais tolerância.
Fala-se muito em intolerância, mas muitos continuam mais intolerantes do que nunca. Qualquer atitude, por mais insignificante que seja, é motivo para más respostas, “patadas”, gritos, etc., isto sem contar os palavrões, que já fazem parte do vocabulário do brasileiro, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Não é e nunca vai ser. Palavrões e palavras de baixo calão não são sinônimos de “modernidade” como alguns querem fazer crer, são falta de educação, e se pensar assim é ser antiquado, então eu sou antiquada, com muito prazer.
Da mesma forma, agressões gratuitas não são “resultado desse estresse todo”, e sim falta de empatia, intolerância, falta de pensar no outro. Por mais exaurida que a pessoa esteja, nada justifica descontar em alguém a sua exaustão.
Não me refiro a um ou outro caso isolado, quando alguém perde a cabeça e tem uma atitude momentânea, da qual depois se arrepende, pois somos humanos e estamos todos sujeitos ao erro, pode acontecer com qualquer um. O que não pode é este erro ser recorrente e visto como natural. Não é natural sair aos gritos um com o outro por bobagens, não é normal distribuir ofensas a torto e a direito, xingar Deus e o mundo toda hora ou colocar um palavrão depois de cada palavra ao formular uma frase. Não existe quarentena, estresse ou preocupação que justifique isto. Pelo contrário, quanto mais a pessoa se sentir tensa, mais ela deve procurar ser gentil. Ou, pelo menos, deveria ser assim.