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Não existem regras para a dor

Esta semana o assunto que dominou as mídias, principalmente a televisão aberta, foi a morte do apresentador Gugu Liberato. E nem poderia ser diferente, tanto pela importância do apresentador, conhecido há anos pelos vários programas que comandou, como pela forma inesperada como aconteceu.
Mesmo tendo ouvido opiniões contrárias, fiquei, sim, muito triste, e entendo quem, como eu, também ficou. Ouvi comentários como “morre gente todo dia”, “toda essa comoção é só porque ele era famoso”, etc. Mas é lógico que sim, se ele não fosse tão conhecido, não teria tanta gente triste.
De alguns absurdos que ouvi, o que mais me marcou foi uma pessoa dizendo que não era preciso tanto “exagero”, e totalmente fora do contexto, acrescentou que ele era milionário e morava em um dos bairros mais “chiques” da cidade de Orlando.
Não consegui entender o que o valor da conta bancária dele tinha a ver com o sentimento dos que sofreram e sofrem pela sua partida. Ficou a impressão de que o fato dele ser milionário quase justificasse a morte, um absurdo. Eu senti sim, e entendo a todos que, mesmo sem conhecerem, sem serem parentes ou amigos, também sentiram.
A dor da perda independe de fama ou dinheiro. Todos temos família, amigos, pessoas queridas em nossas vidas. Pobre ou rico, milionário ou miserável, morando em Orlando ou sendo sem teto, todos somos humanos. Gugu Liberato era uma pessoa materialmente realizada, mas o que chamou atenção em todas as entrevistas e depoimentos foi a grandeza de alma dele como pessoa, do ser humano que ele foi.
O que eu gostaria que quem que fez este comentário entendesse é que a comoção que tomou conta das mídias televisivas esta semana pela perda de Augusto Liberato não foi pelo dinheiro ou pela fama que ele tinha, e sim pelo que ele foi, aliás pelo que ele é, pois acredito que continua sendo, no outro plano. Às vezes queremos ser mais realistas do que o rei, e cometemos equívocos. Uma morte aparentemente tão sem sentido, tão absurda para nós, que não entendemos os desígnios de Deus, mexe, sim, com nossas emoções.
Todo dia morre gente, é verdade. E isto significa que todo dia sofre gente. Uma coisa não inviabiliza a outra. Cada pessoa que parte, deixa pais, filhos, esposos, amigos, que experimentam uma dor que só quem sente sabe. Hoje a família e amigos do Gugu sentem isto, como tantos também sentem.
Mesmo correndo o risco de não ser entendida, falei tudo isto em resposta ao meu amigo e ele aparentemente entendeu. Não existem regras para a dor. Não existe “ele era milionário” como motivo para as pessoas não sentirem a sua morte. Siga em paz, Gugu. Esteja na luz.

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