Por Valdete Braga
Quando perguntadas sobre o passado, seja de forma geral ou com relação a um fato específico, é comum as pessoas responderem que não se arrependem de nada e que fariam tudo de novo. Nossa tendência é sempre aceitarmos o que fizemos como o melhor a ter sido feito.
Ainda que na maioria das vezes seja assim, dificilmente, durante a vida, alguma atitude ou reação tomada anteriormente não seria outra nos tempos atuais. Temos medo de admitir isto e sermos julgados, ou até de nós mesmos nos culparmos, o que resulta nesta fala de que “faria tudo igual”. Vemos isto em entrevistas com pessoas públicas e nas conversas informais entre anônimos, e muitas vezes, a maioria delas, repetimos o comportamento.
Por que fazemos isto? Ego, medo de reconhecer um erro, recusa em admitir que deveria ter sido diferente… qualquer que seja o motivo, a realidade é que é difícil para o ser humano assumir suas falhas.
Precisamos entender que isto é normal, e que, muitas vezes, o que hoje nos parece um erro, na época era o que precisava ser feito. As coisas mudam, as pessoas mudam, a vida muda. O tempo muda e nós mudamos, e cada atitude é reflexo do momento em que estamos.
Dizemos “se eu pudesse voltar no tempo”, mas nos esquecemos que se voltarmos, não voltaremos como éramos; chegaremos no passado com o aprendizado do presente, com as dores e alegrias adquiridos durante o trajeto.
Não há problema em dizer que faria diferente, pelo contrário, todo aprendizado gera mudança, e quem não muda não aprendeu. Ninguém consegue viver estagnado, somos seres pensantes e precisamos de constantes experiências para o nosso desenvolvimento. Seguir errando e aprendendo, acertando e continuando, esta é a beleza da vida.
Algumas destas experiências doem, outras são extremamente prazerosas, e é necessário vivê-las sem nos afundarmos na dor ou nos perdermos no prazer. Quantas vezes nos pegamos com a sensação de que algum momento é eterno, tamanha a sua intensidade, seja este momento de tristeza ou alegria, mas não é, nada é eterno neste Plano. Vai passar, como tudo passa, e um dia, no futuro, quando alguém nos perguntar se faríamos tudo de novo, é destes momentos que devemos nos lembrar, sem medo de dizer que sim ou não, dependendo do que passamos.
O que realmente importa é uma tomada de consciência antes de agir. Se conseguirmos, ótimo. Se não, a vida segue, para nos refazermos do erro ou nos engrandecermos pelo acerto.
Mais importante do que nos exaltarmos com “faria tudo de novo” é procurarmos analisar o que foi feito dentro do contexto da época. Pode ser que não fizéssemos hoje, com os aprendizados adquiridos até aqui, mas se na época este aprendizado ainda não existia, o que fizemos foi adequado. Cada tempo com sua história.