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Não basta ser conhecido

Um pré-candidato a vereador disse estar muito otimista com relação à sua candidatura. Perguntei se ele havia feito alguma pesquisa informal ou outro tipo de avaliação a respeito do seu nome. A pergunta não foi capciosa, e sim porque faço parte da relação de amizades dele, virtual e real, e não havia visto nada a respeito.
A resposta foi literalmente: “ainda não, mas eu sou muito conhecido”. Continuamos a conversa (virtual, naturalmente), mas não pude deixar de pensar naquela resposta.
Não se trata de um pensamento isolado, pelo contrário, é bem comum. Existe uma idéia generalizada de que ser “muito conhecido” é o suficiente para se vencer uma eleição. Ajuda, é claro, afinal entre muitas pessoas a possibilidade de votos é maior do que entre poucas, mas não é fator decisivo.
São quinze vagas para o legislativo e todos têm o direito a disputá-las, desde que preencham, evidentemente, os requisitos exigidos. Por enquanto os pretendentes são ainda pré-candidatos, mas as convenções estão muito próximas, logo as candidaturas estarão oficializadas, e quanto maior o nosso leque para escolha, melhor. Após a oficialização, as campanhas começarão efetivamente, e aí o fato do candidato ser menos ou mais conhecido será um fator na disputa, mas jamais o único. Há de ser muito trabalho, ainda.
Presente já em eleições passadas, a internet, em ano de pandemia, será uma aliada mais forte ainda. Praticamente todos os candidatos, se não todos, se utilizarão desta ferramenta, e as redes sociais terão papel importantíssimo para cada um deles. Ao contrário do que possa parecer, a campanha virtual é mais trabalhosa. Em época de lives e plataformas virtuais, a concorrência é acirrada e passará à frente aquele que tiver melhor poder de convencimento sobre o eleitor, independente de ser menos ou mais conhecido.
Política se faz com palavras e ações, e para se fazer política não é preciso ser candidato. Muitos fazem política sem intenção de fazer, em seus perfis em redes sociais, e estamos tão acostumados com a política partidária que não raramente vemos um ou outro explicando em seus perfis “não sou candidato a nada”, como se toda ação humanitária tivesse algum interesse partidário por trás. Não há de se criticar quem explica, se cabe alguma crítica seria a todos nós que, consciente ou inconscientemente, enxergamos assim.
Política pode ser feita de muitas formas, e cada maneira de fazê-la atinge a um público específico. Cabe a cada um escolher a quem quer alcançar e partir para a disputa. Há os que procuram perfis individuais, os que gritam pelas redes, os que, em aparente silêncio, agem nos bastidores… todas as formas são válidas, democracia é isto. O que não se deve esquecer é que, qualquer que seja a forma escolhida, ela deve ser exercida com inteligência.

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