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Mundo doente – pessoas doentes

Por Valdete Braga
Às vezes tenho a impressão de que o mundo está doente. No momento atual que vivemos, nos deparamos com atitudes, palavras e fatos que tornam esta percepção ainda maior. Mundo doente, pessoas doentes. Todos estressados, nervosos, irritados…
Vivenciamos situações tão inusitadas, não existe mais noção de certo e errado, ética ou compromisso, todos são donos da verdade e só a verdade de cada um quer imperar. Respeito virou apenas uma palavra. Não se pensa no outro, e, salvo raras exceções, cada um só enxerga o próprio umbigo.
No estresse do dia a dia, as pessoas descontam umas nas outras o seu nervosismo e seus problemas. “Patadas” correm soltas, agressões verbais viraram lugar comum e, pior, muitos se acostumam e aceitam. Não podemos aceitar. Aquele que é ofendido ou humilhado não precisa e nem deve justificar a atitude do outro como “estava em um mal dia”, “tem muitos problemas”. E o ofensor, mais ainda, não tem o direito de descontar em ninguém seus problemas.
Refiro-me a atitudes recorrentes. Um dia ou outro, uma vez ou outra, pode acontecer, e acontece, em um descuido, uma escorregada que atinja alguém, sem intenção. Para isto existe o pedido de desculpas, que não diminui ninguém, pelo contrário. Reconhecer o erro e desculpar-se é prova de grandeza de caráter.
O que não pode acontecer é o estresse e o nervosismo servirem de desculpa para a falta de educação ou agressividade diários. E pessoas assim ainda se acham certas, com a famosa frase “eu sou sincero”. Agressividade e grosseria são muito diferentes de sinceridade, pessoas sinceras podem ser doces e gentis, uma coisa não inviabiliza a outra.
A vida está difícil para todos e isto é inegável. O país atravessa um momento de crise em todas as esferas: política, financeira, social, moral… Estamos, sim, doentes. Carentes de decência, educação, boa vontade. O ser humano está, de uma maneira geral, egoísta e individualista, resultado, talvez, deste momento conturbado e difícil pelo qual todos passamos.
Mas se cada um procurasse fazer o mínimo esforço que fosse, a situação poderia melhorar. A verdade é que muitos se acomodam e embarcam nas diversas facetas desta dita crise, sem nem tentar fazer a sua parte. Pensam no oceano inteiro e se esquecem de que ele é feito de gotículas de água. Cada um de nós poderia ser uma gota para mudar este oceano caótico que está o mundo. 
Mas nem isso fazem. Ofendem quem está do seu lado e justificam “ando muito estressado”. Magoam quem os amam e em lugar de reconhecer e pedir desculpas, quase se vangloriam. “Estou com tantos problemas!”. Não param para pensar que o outro não tem culpa. Se eu estou mal porque o mundo está mal, a pessoa a quem eu dou uma “patada” vive neste mesmo mundo. E os sentimentos dela? Afinal, ela também está estressada e nervosa. Egoísta é quem não consegue enxergar isto.

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