Fui apresentada a uma pessoa que em meia hora de conversa falou umas dez mentiras. Foi tão acintoso que o constrangimento ficou visível entre os participantes do bate-papo. Éramos um grupo pequeno, apenas quatro pessoas, três das quais eu já conhecia bem, e esta quarta era parente de uma delas.
Algum tempo depois, o referido parente pediu que eu não reparasse, porque a pessoa em questão era mitomaníaca, que já havia sido aconselhada a procurar um tratamento, mas não aceitava a situação.
Obviamente, eu já conhecia a palavra, mas nunca tinha antes me preocupado em pensar sobre e tampouco conhecido alguém com este tipo de questão. Decidi estudar mais sobre, procurei na internet, e encontrei, no dicionário on line, a seguinte definição: “mitomania é um transtorno psicológico que faz com que o portador seja um mentiroso compulsivo. A condição também é conhecida como pseudologia fantástica ou mentira patológica”.
Interessante este assunto. Dificilmente vamos encontrar, em nosso ciclo de amizade ou mesmo entre pessoas estranhas, alguém que nunca tenha contado uma mentira aqui ou ali. Aquele que diz “eu nunca menti” deve estar, na própria declaração, falando uma mentira. Inverdades em situações pequenas, que não vão prejudicar a ninguém, para se sair de uma situação delicada ou mesmo não entrar em uma, acontecem e não é o fim do mundo.
Bonito não é e não deve se tornar constante, mas uma vez ou outra, dificilmente alguém nunca tenha cometido este ato, porém quando se torna uma patologia, precisa ser tratado, não apenas pelo constrangimento de quem ouve, mas principalmente pela saúde mental de quem fala.
Enquanto a pessoa dizia absurdos, os demais se entreolhavam sem saber o que dizer. No caso em questão, o transtorno psicológico ainda atingiu alguém naturalmente vaidoso, um pouco arrogante mesmo, como ficava claro na fala da pessoa. Com este agravante, a conversa se tornava ainda mais desagradável, já que as mentiras declaradas sempre a apontavam em uma posição superior: dizia “eu fiz isso”, “eu fiz aquilo”, eu, eu e eu. Ninguém tem o poder de diagnosticar, a não ser um especialista, mas que havia algo errado ficava muito claro para todos.
Vivemos uma época de aparecimento de muitos transtornos mentais. Só quem pode explicar isto são profissionais da área, mesmo que em alguns casos fique tão evidente, como o da pessoa em questão. Há quem tenha o péssimo hábito de mentir, o que é diferente de uma mentira, como já foi citado, com alguma “justificativa” para quem mente.
De qualquer maneira, seja uma mentira sem maldade ou algo mais sério, é questão de caráter e não doença. No caso da mitomania, no entanto, é preciso que seja diagnosticada e tratada. Independentemente de questão física ou mental, precisamos nos cuidar. Isto serve para todos nós.