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Amenidades
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Inconveniência total

Valdete Braga

Um amigo chega na casa do outro para resolverem um assunto, levar alguma notícia, ou simplesmente para aquele bate papo descontraído, incomum em nossos dias, mas que ainda existem. Isto depois de combinarem dia e horário, como manda a regra da boa educação.

O dono da casa abre a porta, os dois se cumprimentam, o amigo entra e se sentam no sofá da sala.

Assim que se sentam, antes de qualquer assunto, o telefone celular, que já estava na mão quanto o amigo abriu a porta, toca aquele sinalzinho irritante de mensagem chegando. O visitante pega o telefone e começa a digitar. Terminada a digitação, começa a conversa, animada, com o assunto que o levou ali, no caso de uma questão específica, ou sobre amenidades, no caso de só um bate papo cordial.

Cinco minutos depois, o sinal do telefone toca novamente, ele novamente olha e, sem dizer nada ao amigo que o está recebendo, volta a digitar. Esta situação se prolonga por um bom tempo, sem que a pessoa se dê conta do quanto está sendo inconveniente e até mesmo sem educação com quem está ao seu lado.

A conversa presencial é interrompida várias vezes, para dar lugar a outra, ou outras, vindas de uma, ou duas, ou três pessoas on line, não tem como saber. E quem está com o telefone não percebe que existe uma pessoa à sua frente, conversando com ele, sendo obrigada a interromper uma frase ao meio, enquanto ele digita algo que ele não sabe o que, com alguém que ele não sabe quem.

Situações como esta se tornam a cada dia mais corriqueiras, e quem as pratica se torna a cada dia mais sem noção do que está fazendo. Está ficando comum presencial e virtual se entrelaçarem, de uma forma que extrapola não apenas a falta de educação, como o limite de civilidade.

Parece coisa boba, “frescura” de quem se incomoda com isto, mas não é. Deixar o telefone celular na bolsa ou dentro do carro quando está em um compromisso é o mínimo que uma pessoa educada deve fazer. Não importa se o compromisso é algo mais sério ou um simples bate papo, nossa obrigação é darmos atenção àquele com quem estamos.

“Pode ser alguma coisa importante”, é sempre o argumento. Se for importante, não custa pedir licença, responder e depois voltar ao assunto presencial, ou, melhor ainda, não levar o telefone. Nada é tão importante que não possa esperar duas horas ou um pouco mais. E, se for, resolver antes de sair ou quanto voltar. O que está acontecendo, é que as pessoas estão dando preferência ao virtual, e muitas vezes se tornando refém dele.

O aparelho celular, assim como outros itens em nossa vida, existem para a nossa comodidade, e não para virarmos escravos dele. Sendo assim, melhor seria nem sair de casa.

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