Por Valdete Braga
É muito comum ouvirmos, principalmente em proximidade de ano eleitoral, “eu não vou votar em ninguém, ninguém faz nada por mim mesmo”, ou “qualquer um, tanto faz, nem me conhecem”, etc.
O triste destes comentários é que eles demonstram como o “eu” vem acima de tudo. Fazer “por mim”, “me dar” alguma coisa, e tantas frases com este sentido são comuns entre membros de uma sociedade cética e desprovida de esperança.
Somos um povo em sua esmagadora maioria descrente com a política. Diante de tantos absurdos que acontecem neste cenário, é normal nos sentirmos assim. Obviamente não é regra geral, existem políticos sérios, pessoas dignas de respeito e admiração e são estas pessoas que ainda mantêm viva a esperança de um mundo melhor, mas como o negativo é muito mais barulhento, é ele que chega com mais facilidade em nossa mente e em nosso coração.
Muitas vezes cometemos o erro de generalizarmos situações que mesmo sendo comuns não são únicas. Ainda existem honestidade, compromisso e ética e são estes valores que devemos procurar na escolha de um candidato, para qualquer cargo que seja.
Quando acatamos o discurso “não vai fazer nada por mim” ou “não me conhece”, estamos nos igualando ao que condenamos e nos fez descrentes. Se queremos uma política séria, com candidatos e futuros eleitos sérios, precisamos ser sérios também. Se não queremos pessoas egoístas e interesseiras no poder, não devemos nós também nos utilizarmos de egoísmo e interesse ao escolhê-los.
Política não é moeda de troca, não se trata do que este ou aquele pode fazer por cada um, individualmente. Precisamos pensar no coletivo, tanto os candidatos quanto os eleitores. Precisamos ser honestos para cobrar honestidade e, igualmente, se não tivermos ética, com que moral cobraremos esta mesma ética de nossos dirigentes?
Precisamos olhar para nós mesmos com os mesmos olhos com que olhamos para os outros, e embora isto possa parecer utópico, não precisa ser.
Não vivemos de utopia e a realidade salta aos olhos, mas realidades podem ser mudadas e como sociedade é dever de todos trabalharmos por mudanças.
Cada um, no seu lugar e com seus direitos e deveres, pode fazer a sua parte.
Atravessamos um período difícil, onde interesses pessoais se sobrepõem ao coletivo e ainda que infelizmente esta prática seja lugar comum, ela não é única e quanto mais nos focarmos no que ainda existe de positivo, mais estaremos contribuindo para que tenhamos uma cidade, um estado, um país, um mundo melhor.
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