Alunos, professores e pais estão na expectativa da volta às aulas presenciais. Todos nós aguardamos por este momento, torcendo para que aconteça o mais rápido possível. Após um ano e quatro meses em uma realidade necessária, mas forçada, onde todos precisaram se adaptar a um sistema desconhecido, é natural que esta vontade e expectativa aumentem, com o avanço da vacinação para a faixa etária mais jovem.
Não apenas os diretamente envolvidos, mas a sociedade como um todo espera por este momento, considerando as dificuldades e o esforço, tanto de alunos como de professores, com o ensino à distância.
A expectativa e a vontade são compreensíveis e justificadas, mas as razões para isto, vindas de alguns pais de alunos, são assustadoras. Não se trata de todos, obviamente, mas tornou-se comum o argumento de alguns, e repito “alguns” pais de que “não aguento mais meu filho em casa”.
Nesta mesma linha ouvimos frases ainda piores, como “não vejo a hora desse menino me dar sossego”, “a escola precisa abrir porque eu não dou conta”, entre outras. Pais, em sua maioria com esta mentalidade, pressionam autoridades e profissionais do ensino a “abrirem a escola” no próximo mês de agosto, para o recomeço das aulas. Querem a escola aberta não para os filhos estudarem com maior conforto e sim porque “não dão conta” deles em casa.
Este tipo de frase traduz um sentimento equivocado de que a escola existe para substituir pais “cansados”. Muito triste este sentimento vindo de quem deveria cuidar e proteger os filhos. Filhos são responsabilidade dos pais e não da escola. Embora professores sejam responsáveis pelo que acontece à criança ou adolescente dentro da escola, a responsabilidade pela sua criação não é deles.
Professores e profissionais da educação não são substitutos dos pais. Um pai ou mãe que “não aguenta” um filho dentro de casa errou ao tê-lo. Claro, existem tristes exceções, quando há algum desvio de caráter, questões mais sérias que não cabem neste texto, mas aí se trata de outra história, outra questão a ser analisada, casos extremos e raros que merecem outra abordagem.
Aqui se trata de pais e filhos comuns, do dia a dia de milhares de famílias, cada uma com sua especificidade, mas cujo nome diz tudo: são famílias. É na família que se forja a personalidade, é onde se cria o caráter, onde a criança precisa e merece encontrar o seu porto seguro. O papel da escola e dos professores é importantíssimo, mas professor não é pai e professora não é mãe. Os filhos são dos pais, não da escola.
Estamos avançando e já quase no segundo semestre. Todos os indicativos são de que no próximo ano a população do município esteja toda vacinada, e poderemos voltar com segurança. Pressionar para que as aulas retornem agora é irresponsabilidade, e fazê-lo sob o argumento “não aguento meu filho em casa” é mais do que isto, é criminoso.