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Falta de noção e educação

Por Valdete Braga

Um pequeno grupo de amigos conversava, quando um deles deu uma risada alta, assim do nada, sem nenhuma conexão com o que falavam. Ninguém entendeu, até porque o assunto de que tratavam era algo sério, não cabendo risada dentro dele.

Ficou uma situação constrangedora e todos se calaram, enquanto o autor da risada continuava com aquela expressão que fica no rosto depois de rirmos de alguma coisa engraçada.

A falta de entendimento durou apenas alguns segundos, ficando logo tudo esclarecido, quando viram o aparelho celular nas mãos do desavisado, que ainda mantinha no rosto a expressão “pós risada”.

A esposa, irritada, soltou um “que isso, fulano”, chamando a atenção do marido para o tamanho da falta de educação que ele havia cometido. Sem graça, ele pediu desculpas e guardou o celular, mas o incômodo já havia acontecido.

Este fato ilustra bem o quanto estamos escravizados pela tela portátil de um simples aparelho, tema este já abordado outras vezes, mas do qual nunca é demais falar.

As pessoas, de um modo geral, transferiram conversas e encontros para o mundo virtual de uma tal maneira que muitos já começam a ter dificuldade em separá-los um do outro, e isto fica nítido no caso em questão. O rapaz, neste caso, mantinha duas conversas paralelas, uma com os amigos presentes, e outra não se sabe com quem, sem o conhecimento dos que estavam na roda.

O vício no celular pode tornar-se desrespeitoso, como aconteceu neste caso e possivelmente acontece em outros com questões mais sérias. O mundo mudou muito e com ele as relações entre as pessoas, e isto é normal e até saudável, desde que se respeite o limite do bom senso e educação, mas uma gargalhada aleatória, dentro de um assunto que poderia até ser triste para quem participava, extrapola o limite da “comunicação”.

Não se trata do fato do rapaz ter rido, a questão vai muito além. Independentemente do que ele estivesse falando com outra pessoa, isto demonstra falta de interesse em quem estava ao lado dele. Pedir licença e atender alguém ao telefone, seja por qual motivo for, é outra coisa. No caso não foi isto que aconteceu e é normal que os amigos se incomodassem.

Estamos perdendo a capacidade de enxergar o outro, alguma coisa muito séria está acontecendo com o ser humano deste século. Não se conversa mais, não se presta atenção no que o outro diz, todos queremos ser escutados, mas poucos se prestam a escutar.

Este quadro nos aproxima cada dia mais da tecnologia, mas nos afasta de quem realmente importa, amigos, familiares, gente de carne e osso que faz parte da nossa vida além do teclado. Precisamos, com urgência, encontrar um meio termo para esta situação, antes que seja tarde.

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