Por Valdete Braga
Não devemos julgar ninguém pela aparência. Gordo ou magro, alto ou baixo, branco ou preto, somos todos feitos da mesma carne. Chegamos na vida da mesma forma e igualmente da mesma forma partiremos.
Nosso tempo varia, por questões acima de nossa vontade, mas tirando isto, é tudo tão igual! Por que, então, insistimos tanto nas diferenças? Por que rótulos, por que preconceitos, por que julgar a diferença, se no íntimo somos iguais?
Preocupamo-nos tanto em avaliar aparências e comportamentos, julgando “errados” aqueles que não se parecem conosco, que não se vestem como nós, não pensam como nós e não agem de acordo com a nossa visão de mundo, e nos esquecemos que isto tudo é efêmero, que assim como aqui chegamos um dia, também um dia partiremos, e tudo isto ficará para trás.
Fala-se muito em respeito à diversidade, mas infelizmente, isto fica na retórica, e, na prática, este respeito ainda não chegou a todos. O ser humano julga e condena, coloca-se na posição de Deus e não se enxerga no mesmo lugar do outro ser humano a quem está julgando e condenando por motivos, muitas vezes, tão pequenos….
É surreal que no ano de 2023 ainda precisemos chamar atenção para algo tão óbvio como o respeito a todos, tanto os supostamente iguais quanto os supostamente diferentes de nós.
Evoluímos tanto na ciência, na tecnologia, nas questões materiais, e mentalmente e espiritualmente, a impressão que se tem é a de que retrocedemos um século em poucos anos.
Viemos em um crescente de evolução e de repente estacamos. Paramos em um determinado ponto e a partir daí começamos a recuar anos, décadas, e se assim continuarmos chegaremos à idade da pedra, nos tornaremos animais cheios de tecnologia e sem nenhuma evolução interior. Aliás, caminhamos para sermos piores do que os animais. Animais não se alimentam de ódio e só atacam por sobrevivência ou para se defenderem. Animais não se alegram com a tragédia do semelhante ou agridem simplesmente por fúria.
Se não houver uma mudança drástica no cenário da sociedade, nos tornaremos piores do que os animais, seremos apenas seres, deixando o humano no passado.
Triste isto. Triste esta realidade de total desrespeito ao que não é igual, onde só respeitamos aquele a quem vemos como se nos olhássemos no espelho, com a mesma cor, a mesma religião, o mesmo grau de instrução, etc.
Somos todos assim? Claro que não, e benditos sejam os que não são. O plural, neste caso, reflete uma realidade gritante aos olhos, mas que ainda não é totalitária. Torçamos e rezemos para que nunca seja.