Após dois anos sem a festa, muita polêmica e controvérsias, o carnaval chegou em Ouro Preto.
Sob o título “Carnaval Imperial”, está definida a programação oficial e a festa começa.
A cidade se divide, uns a favor, outros supostamente contra.
Por que supostamente? Porque entre tantas pessoas que questionam estes dias de folia, a esmagadora maioria não está contra o carnaval em si. Ninguém, em sã consciência, é contra a alegria e o divertimento saudáveis.
Este ano especificamente, após dois sem a festa, devido à pandemia, ninguém está contra o carnaval pelo simples fato de ser contra. O que estas pessoas não querem é o que ninguém quer: abusos.
Não querem, não queremos, ninguém quer, sons altíssimos madrugada adentro, trânsito caótico, falta de transporte para moradores que trabalham nos dias “emendados” pela folia, etc.
Há muitas pessoas, e muitas mesmo, que se divertem nos shows à noite, e depois voltam para casa para dormirem e trabalharem no dia seguinte, pois se a folia começa na quinta, muitos precisam acordar cedo na sexta, quiçá no sábado, isto sem falar na segunda, para quem não consegue “emenda-la” na terça.
Não querem também ver os seus familiares idosos importunados, seus doentes atormentados, noites inteiras e parte do dia sem conseguirem dormir. Existe horário para os shows? Parece que sim. Serão cumpridos? Eis a questão.
Não são contra os shows, não são contra o carnaval, não são contra a diversão. Querem única e simplesmente que os shows, o carnaval e a diversão sejam restritos a quem os vá assistir. Não há necessidade de a cidade inteira participar, muitos de dentro de suas casas, querendo ou não.
Os que contestam, não contestam o carnaval. Salvo uma ou outra exceção, não são contra os “quatro dias se folia”, que na verdade vão se transformando, a cada ano, em cinco, seis, dez, quinze…
Se realizado dentro do respeito às leis e ao direito do cidadão, ninguém é “contra”. O que incomoda e provoca indignação não é o carnaval, mas excessos que podem ocorrer e infelizmente ocorrem. O que incomoda e indigna é o sacrifício de parcela da população, para outra parcela se divertir.
É necessário um meio termo. Que aqueles que quiserem possam se divertir, sem que isto custe o sossego, a tranquilidade e a saúde mental de outros.
Com relação a isto, ninguém é contra.