Valdete Braga
No trajeto entre a minha casa e a Praça Tiradentes, contei 12 (isto mesmo, doze) cães pela rodovia. Isto a partir do momento em que comecei a contar, sem considerar os que ficaram para trás.
Contando é até difícil acreditar, animais de grande e médio porte caminhando pela calçada (e até pelo asfalto) sozinhos ou em grupos.
Não fosse o fato em si suficientemente perturbador, iniciou-se uma briga entre dois deles, que literalmente pularam para a rodovia, em frente ao carro em que eu estava. Pularam, latindo, e correram para o outro lado do asfalto, continuando a briga. A partir deste momento, comecei a contar o número de cães, até chegar ao meu destino, totalizando 12.
Esta situação está comum na cidade inteira. No centro e nos bairros, cães tomam conta das ruas em grande número, colocando em risco a si mesmos e aos humanos. São animais e não têm culpa do perigo a que expõem a si e a nós, muito pelo contrário, culpados são os responsáveis por eles, que de responsáveis não têm nada, e os deixam soltos pelas ruas.
Alguns são, como se diz, “cães de rua”, adotados ou não por moradores que lhes dão comida e água, como se isto fossem as únicas coisas necessárias para o bem-estar de um animal. Vacina, banho, tosa no caso dos muito peludos, também fazem parte no trato a estes cães, e isto considerando apenas o aspecto físico, sem nem se levantar aqui a questão emocional. Sim, porque ao contrário do que pensam alguns, os animais têm, sim, sentimentos. Uma vasilha de ração e água ajudam, mas não é assim que se adota um cão. O lugar dele não na rua e ponto.
Outros estão visivelmente bem cuidados, deixando evidente que estão ali pela irresponsabilidade de seus tutores. Isto é mais sério ainda, pois quem tem um animal precisa ter espaço para ele e não deixá-lo pelas ruas. Se algum destes cães, por algum motivo, sabe-se lá qual, atacar uma criança, ou um idoso, ou qualquer pessoa que seja, independentemente da idade, quem assumirá a responsabilidade por isto? Obviamente não será culpa do animal, que apenas segue seus instintos, mas de quem será, então? Mais obviamente ainda, não será da vítima.
Uma criança voltando da escola, um idoso caminhando, uma senhora voltando das compras… o leque é grande para possíveis vítimas que, uma vez acontecido, ficarão no prejuízo sem ter a quem recorrer.
Providências precisam ser tomadas. Não sei dizer que providências sejam estas, não sou autoridade no assunto nem trabalho com isto, mas em algum lugar deve existir alguém que saiba. O que não pode continuar acontecendo são pessoas em risco e animais abandonados, porque uma vasilha de ração e outra de água, oferecidas por um morador aqui, outro ali, para matar a fome deles, não minimiza a falta de responsabilidade de quem abandona, nem protege do perigo quem pode ser atacado.
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