Deve ser uma sensação horrível sofrer de baixo estima. Infelizmente, neste mundo em que estamos vivendo, cada dia mais pessoas sofrem deste mal, que em alguns casos chega a se transformar em doença.
Eu percebo dois sintomas distintos para o mesmo resultado: de um lado, a pessoa que sofre de baixo estima se diminui, tem medo de tudo, anda de cabeça baixa e não encara as pessoas. Do outro lado, acontece o oposto: a pessoa se sente tão prá baixo que tenta compensar, mostrando-se como um super herói. É aquele que sabe tudo, entende de tudo, é o mais inteligente e discute qualquer assunto, com sapiência. Mostra-se também o mais bonito, mais elegante, e fisicamente não perde nem para o Cauã Raymond ou para a Grazy Massafera. Aliás, outra peculiaridade de quem sofre de baixo estima é valorizar exageradamente os seus dotes físicos, tendo-os ou não.
Talvez pela competitividade que impera no mundo, talvez pela necessidade de auto-afirmação, a verdade é que a cada dia aparecem mais pessoas assim. Não conseguem entender que a vida passa rápido e o mundo é enorme, que existe espaço para todos, que os conceitos de feio ou bonito, inteligente ou menos esclarecido, são apenas isto: conceitos. Existem verdadeiros gênios em termos de QI, que não conseguem se realizar profissional ou pessoalmente, e existem pessoas que não possuem tanta capacidade intelectual e se tornam, estes sim, verdadeiros gênios, na vida.
A vida é muito mais do que ser feio ou bonito, inteligente ou “burro”, gordo ou magro. Até porque, convenhamos, para quem tem um mínimo de sensatez e visão de mundo, essas coisas, no passado consideradas tão importantes, praticamente não existem mais. Já se foi o tempo em que existia um padrão único de beleza ou a inteligência de uma pessoa era medida por seus diplomas pregados na parede.
O mundo mudou. Evoluiu. O ser humano evoluído não está preocupado com julgamentos ou avaliações de outro ser humano, mas a vítima de baixo estima não entende isto. Vive tão focada em sua inferioridade, que enxerga tudo de baixo prá cima. Não percebe que não é o outro que o olha de cima, e sim ele que olha para o outro de baixo.
Muito triste isto, são pessoas com visão deturpada, que precisam de tratamento. Os que fazem parte do primeiro grupo são mais fáceis de se curarem, mas o segundo grupo é complicado demais. Acham-se donos da verdade, mas vivem em sofrimento. Se fossem realmente tão superiores, tão melhores do que o resto do mundo e tão certos em tudo, seriam pessoas felizes. Estes, coitados, não aceitam que precisam de ajuda, porque admitir isto seria igualar-se ao resto da humanidade, o que seria inadmissível para os que se julgam deuses. Pobres seres.