Por Valdete Braga
Reza a lenda que, em um país distante, havia uma aldeia conhecida pela sua riqueza. Certo dia, o mais rico de todos os aldeões decidiu esconder um enorme torrão de ouro para protegê-lo dos bandidos e ladrões que pudessem vir de outras localidades. Assim, pegou o enorme pedaço de ouro e enterrou-o em um campo de arroz nas proximidades.
Muitos anos depois, a aldeia não era mais rica, e o campo de arroz estava abandonado e sem utilidade. Um pobre lavrador decidiu arar o campo. Após algum tempo de trabalho, o arado bateu em algo duro.
– O que será isto? – pensou
Resolveu cavar para descobrir do que se tratava, e, após muito procurar, percebeu que havia algo enterrado ali.
De início, o aldeão pensou que deveria ser uma raiz de árvore muito dura, mas, à medida que cavava, percebeu que era ouro, lindo e brilhante.
– Não pode ser – pensou o homem. De onde terá vindo tanto ouro? Pelo tempo que está aqui, não tem dono, portanto é meu agora, e serei um homem rico.
Como era dia, ele ficou com receio de tentar levá-lo consigo, então cobriu-o novamente e esperou que a noite chegasse.
Ao cair da noite, o lavrador voltou e cavou até o torrão de ouro. Tentou levantá-lo, mas era muito pesado, e não conseguiu. Amarrou ao redor do tesouro e tentou arrastá-lo, mas era tão grande que ele não pôde movê-lo nem uma polegada.
Ficou frustrado, pensando que foi afortunado em achar um tesouro, e sem sorte de não ser capaz de levá-lo consigo. Tentou movê-lo de todas as formas, sem conseguir.
Então, ele sentou-se e começou a considerar a situação. Decidiu que a única coisa a fazer era quebrar o torrão de ouro em pedaços menores, daí ele poderia carregá-lo para casa, uma peça por vez.
Ele pensou:
– Um pedaço vou usá-lo para o viver do dia a dia, o segundo pedaço vou guardá-lo para um tempo chuvoso, o terceiro pedaço vou investir nos negócios da minha lavoura, e ganharei méritos com o quarto ao dá-lo aos pobres e necessitados e para outras boas causas.
Este pensamento acalmou a sua mente. Usaria sua fortuna de forma adequada, para si e para os outros. Teria uma vida confortável e ajudaria a quem precisa, dando àquele torrão de ouro que afortunadamente lhe chegara às mãos um destino adequado.
Dividiu o enorme torrão nos quatro pedaços, e assim foi fácil carregá-los para casa, em quatro viagens separadas.
Desde então, viveu feliz, com o destino dado à sua fortuna.