Conta a lenda que na antiguidade, um rei governava por muitas décadas, soberano e poderoso. O rei era um bom líder, mas não tinha paz, sempre preocupado e com medo de perder sua fortuna e poder.
Certo dia, o jardineiro real lhe trouxe uma excepcional e linda coleção de flores e frutos. Ele gostou tanto do presente que quis ver o jardim pessoalmente. Montou no elefante real e foi seguido pela corte inteira e por muitas pessoas comuns, para visitar o jardim.
Quando ele entrou através do portão, viu duas lindas mangueiras. Uma delas estava repleta de mangas amadurecidas, enquanto a outra estava completamente sem fruta. Ele colheu uma das frutas e deliciou-se com o seu doce sabor. Decidiu comer mais delas quando retornasse.
Quando as pessoas viram que o rei havia comido a primeira fruta, entenderam que elas também poderiam comê-las, e em bem pouco tempo todas as mangas haviam sido comidas. Algumas pessoas inclusive quebraram os galhos e os desfolharam, procurando por mais frutas.
Quando o rei retornou, viu que a árvore havia sido quase destruída e que seus galhos foram desfolhados. Ao mesmo tempo a árvore estéril continuava tão linda como antes, com suas folhas verdes brilhando sob a luz do sol.
O rei perguntou a seus ministros:
– O que aconteceu aqui?
Eles explicaram:
– Uma vez que Vossa Majestade comeu a primeira fruta, as pessoas se sentiram livres para devorar o resto. Procurando por mais frutas, eles inclusive destruíram as folhas e os galhos da árvore fértil. A árvore estéril foi poupada e continua linda, pois não tem frutos.
Isto entristeceu o rei. Ele pensou: esta árvore frutífera foi destruída, porém a estéril foi poupada. Minha monarquia é como a árvore frutífera, quanto mais poder e posses, maior o medo de perdê-los. A vida santa de um simples monge é como a árvore estéril, abrir mão de poder e de posses conduz à libertação do medo.
Então decidiu abrir mão de sua fortuna e poder, deixar a glória da realeza para trás, abandonar a constante ocupação de proteger sua posição. Em vez disto, ele decidiu empenhar-se em viver a vida pura de um monge. Somente assim ele poderia descobrir a profunda e duradoura felicidade, a qual poderia ser espalhada para outros também. E assim, encontrou a tão sonhada paz.