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A lenda do apego ao passado

Reza a lenda que dois monges, um senhor experiente e um jovem aprendiz, caminhavam em uma jornada, quando viram uma jovem mulher à beira de um rio.  
O rio tinha uma forte correnteza e a jovem estava com muito medo de atravessar, pois não sabia nadar. Como era proibido aos monges tocarem em uma mulher, o jovem aprendiz atravessou rapidamente o rio, sem sequer olhar para a moça que, desesperada, pensava no que fazer, pois precisava atravessar o rio para chegar em casa antes que escurecesse.
O outro monge, entretanto, penalizado com a situação da jovem, aproximou-se, colocou-a sobre os ombros e atravessou o rio com ela. Ao chegar à outra margem, a moça agradeceu e seguiu feliz o seu caminho.
Os dois monges seguiram viagem, mas o mais jovem estava inquieto e visivelmente incomodado. Como depois de algum tempo ele não falasse nada, o senhor perguntou o que o estava perturbando, ao que o rapaz perguntou:
– O que você fez? Sabe que é contra os nossos costumes encostar em mulheres.
O sábio monge respondeu:
– Eu deixei a mulher lá atrás, na beira do rio. Por que você ainda a está carregando?
O monge experiente agiu de acordo com a necessidade, seguiu o seu caminho e não pensou mais nisso, enquanto o jovem aprendiz, mesmo sem ter quebrado as regras, continuou pensando no fato, carregando um peso que para o primeiro não existia mais.
Assim é na vida. As experiências do passado não devem ficar nos atormentando no presente, a sua principal função é nos fazer aprender, sejam elas boas ou ruins. Precisamos libertar o peso do passado e seguir em frente, sem apego ao que que já foi.
Se nos apegamos ao sofrimento do passado, cada vez que pensamos nele vamos nos atormentar e passar por tudo novamente, criando um ciclo de tristezas do qual fica cada vez mais difícil nos libertarmos.
O monge que praticou a boa ação, ainda que contra as regras, fez o bem e seguiu sem maiores preocupações, enquanto o que ignorou a necessidade da moça por uma noção pré-estabelecida de comportamento ficou com a atitude do colega na cabeça. Este exemplo nos mostra o quanto é importante seguir em frente depois de uma atitude tomada, independente do motivo porque a tomamos. 
Quantas vezes presenciamos ou até somos vítimas de atos pouco recomendáveis, quantas vezes alguém age conosco de forma injusta, ingrata, ou até pior, e nós ficamos presos na injustiça ou ingratidão provocadas pelo outro, enquanto ele mesmo, o ofensor, nem se dá conta da ofensa? Deixemos o passado na beira do rio e sigamos nosso caminho.

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