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A lenda da jornada

Por Valdete Braga

Reza a lenda que Buda caminhava, quando se encontrou com três homens pela estrada. O primeiro estava meditando à sombra de uma árvore, o segundo meditava em um campo aberto e o terceiro dançava, alegremente.

Os três homens tinham algo em comum: todos procuravam a iluminação. Buscavam entender o que é a vida, porque estavam nela e como encontrar a verdadeira felicidade.

Quando Buda passou pelo primeiro homem, ele perguntou:

– Buda, quando vou atingir a iluminação e entender a vida?

Buda respondeu:

– Vai levar pelo menos mil anos para você atingir a iluminação.

O homem sentiu-se triste. Ia demorar muito até que entendesse o sentido da vida, mas mesmo triste, com o objetivo de alcançar o que procurava, continuou meditando sob a árvore.

Buda seguiu seu caminho, até encontrar o homem que meditava em campo aberto. Ele já estava queimado pelo sol que fustigava sua pele, e fez a Buda a mesma pergunta:

– Quando vou encontrar a iluminação?

Buda deu a ele a mesma resposta, que levaria pelo menos mil anos até isto acontecer. O homem ficou apavorado, pois teria de sofrer por mil anos   naquele sol escaldante, mas como precisava encontrar a felicidade, continuou meditando, no mesmo lugar.

Seguindo seu caminho, Buda encontrou o homem que dançava, que lhe fez a mesma pergunta, obtendo também a mesma resposta. O homem abriu um largo sorriso e continuou a dançar, feliz porque assim continuaria, e neste momento ele chegou à iluminação.

Extasiado, mas sem entender, perguntou a Buda:

– Mestre, o senhor disse que levaria mil anos e eu encontrei agora a iluminação. Como pode ser isto?

Sorrindo, Buda respondeu:

Meu filho, é muito importante que aquilo que você está buscando não se torne maior do que a sua jornada.

Apenas ficar em contemplação, esperando que o milagre aconteça, não é mais importante do que viver a sua vida. Você dança e aprecia isto, e ante a possibilidade de assim precisar continuar por mil anos, você continua feliz no momento presente.

Enquanto o homem escutava, Buda continuou:

Meditação e contemplação são importantes para o nosso crescimento e para chegarmos ao ápice da felicidade, mas não podemos deixar de viver por isto. Às vezes, a felicidade está em nossas atitudes. Você dançava e não se desesperou por ter de esperar mil anos, porque a dança já é a sua alegria. Isto é felicidade.

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