FANTASIA: Decidiu ele candidatar-se Vereador. Foi ao manual, verificou o que significa Vereador. Descobriu que é a “pessoa eleita para verear”, isto é, cuidar da liberdade, segurança, da paz, do bem-estar dos cidadãos. Foi à Câmara, sondou o ambiente, viu o plenário, contemplou a mesa das Comissões. Pediu ao Secretário Administrativo e Parlamentar informações sobre projeto, requerimento, proposta de emenda, indicação, recurso, parecer, emenda, moção. Ficou impressionado com o “palanque” erguido no centro do Plenário, exclamando: estarei ali, falando, defendendo, atacando, esclarecendo, discursando, discutindo, votando, aprovando ou recusando.
O secretário advertiu-o, mostrando-lhe que tudo que acontece na reunião ordinária é gravado para análise posterior. Adiantou-lhe também que não basta aprovação de proposições, elas terão ainda de ter a “Sansão do Executivo”, ou seja, sua aprovação. Os recursos estão na mão do Prefeito que executará as decisões parlamentares que couberem dentro do orçamento.
E AGORA, JOSÉ?: O candidato que espera a aprovação de seu nome, durante as convenções partidárias, meio receoso, mas animado, decide procurar o presidente do partido e conversar com ele sobre a liberação de sua candidatura. O presidente esclarece: Meu caro, seu nome deverá ser submetido à avaliação dos convencionais, e, se aprovado, receberá o ‘nada consta’ para a caminhada de três meses de lutas rumo ao Poder Legislativo. Mas, antes, advertiu-o: são vários partidos, cada um lançará vários candidatos, e sua luta terá de ser contra muitos oponentes. Está preparado? As vagas, continua o presidente, são apenas para treze vencedores. Tomara que você esteja entre eles. Aguarde com paciência o momento certo. E agora, o que é que eu faço?
O candidato afastou-se, e, ‘tropeçou’ com alguém do povo. Falou-lhe entusiasmado de sua decisão de disputar as próximas eleições para uma Cadeira na Câmara. O desconhecido agarrou-lhe as mãos e jogou-lhe a conversa: Doutor, estou precisando de cincoenta sacos de cimento urgente. Dá para descolar hoje uns trinta? O candidato meio decepcionado já no primeiro encontro não oficial, apenas sorriu para o desconhecido. Ambos caminharam em direções opostas. O candidato ‘ralado’, mas, sem esmorecer. O amigo ‘pidão’, com raiva de ter sido preterido no seu desejo, resmungando ‘neste eu não voto’. Política é assim, mas não devia!
ENFIM, o candidato vencedor nas eleições municipais, seja vereador ou prefeito, merece respeito e valorização, porque eles são resultados de escolhas conscientes, selecionadoras e vitoriosas nas urnas receptoras dos votos, ou seja, da escolha esclarecida do povo. As eleições municipais são mais apuradas porque os candidatos são membros da comunidade, cujas personalidades os eleitores conhecem muito bem. Não há lugar para paraquedistas de última hora. Há sim, uma rigorosa seleção de pessoas que, embora bem remunerados, devem ter a aptidão de servir honestamente ao povo.
É uma preceituação constitucional que pressupõe total conhecimento, por parte do candidato uma vez eleito. Seria bom que ele não tivesse outro emprego ou ofício, para se dedicar integralmente aos objetivos da Lei Orgânica Municipal: Servir aos interesses legais dos eleitores municipais. Executar integralmente o que prometeu durante a Campanha. É preciso que a Lei evolua para esta finalidade.
O povo merece e paga bem através de seus impostos anuais, sempre atualizados no tempo. Imperaria então o sentido desta sentença: A lei é dura, mas saneadora de interesses.