João de Carvalho
PADRE VIEIRA, em 1665, no sermão do Bom Ladrão (Livro “Sermões”, V), veja o que dizia o Padre Vieira na Igreja: “Ladrões, não são só ladrões os que cortam bolsas ou espreitam os que se vão banhar, para lhes colher a roupa; os ladrões, que mais própria e dignamente merecem este título, são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos. Os outros furtam debaixo do seu queixo, estes sem temor, nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados, estes furtam e enforcam.
Diógenes, que tudo via com mais aguda vista que os outros homens, viu que uma grande tropa de varas e ministros de Justiça levaram a enforcar uns ladrões, e começou a bradar: ‘Lá vão os ladrões grandes a enforcar os pequenos’. Ditosa a Grécia, que tinha tal pregador! E mais ditosas as outras nações, se nelas não padecerá a Justiça as mesmas afrontas. Quantas vezes se viu em Roma ir a enforcar um ladrão por ter furtado um carneiro, e no mesmo dia ser levado em triunfo um cônsul, um ditador por ter roubado uma província! E quantos ladrões teriam enforcado estes mesmos ladrões triunfantes?”
MEIOS DE COMUNICAÇÃO: Quem se der ao trabalho de analisar, ainda que por poucos dias a abordagem utilizada pelos programas de televisão ou pelos nossos jornais e revistas, irá constatar o predomínio do raciocínio maniqueísta: o certo e o errado, o honesto e o desonesto, o trabalhador e o vagabundo, o policial e o delinquente.
Para alguns locutores e repórteres, os delinquentes são indivíduos “peçonhentos”, “imundos”, “debilóides”, “loucos”, “safados”, “sangue ruim”, etc. E sua avaliação da Polícia segue o mesmo padrão, mas no sentido inverso. Eles traçam um estereótipo tanto do delinquente quanto do policial. Um representa o mal, o outro o bem; um o certo, o outro o errado; um a verdade, o outro a mentira.
O que falta é uma compreensão nítida dos significados de solidariedade e de participação no processo social, econômico e político. Na medida em que pudermos alcançar essa compreensão estaremos construindo o processo que desvendará a todos nós, então cidadãos, a democracia pela qual aspiramos. Bernard Shaw disse: “Até o fim dos tempos, homicídio vai gerar homicídio, sempre em nome do direito, da honra e da paz, até que os deuses se cansem de sangue e criem uma raça que possa compreender”.
HOJE, neste Brasil violentado por centenas de homicídios, entre casais, em ambos os sexos, muito pouco as autoridades competentes conseguem segurar a barra contra o mal. A mulher, infelizmente, por ser a parte mais fraca, está levando sempre a pior, perdendo a vida por motivos banais.
Qualquer atitude que uma mulher toma, em desarmonia com seu marido, vira motivo suficiente, para causar-lhe a morte. É estranho! É inconcebível! É um absurdo! Que mundo é este em que estamos vivendo? Onde a harmonia dos casais está prevalecendo? Onde estão: o perdão, o entendimento, o sentido cristão de amor? A noção de um Deus, que pedirá contas por estas mortes absurdas, está ausente entre muitos casais modernos; é preciso mais diálogo, mais oração e muito mais temor de Deus!
A união de todos contra o crime, especialmente daquele contra a mulher, é uma questão de honra para todos nós brasileiros. Uma medida médica boa para ajudar os casais, seria um bom tratamento psicológico, uma boa terapia!
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