O PRÓXIMO ANO é época de eleição. É tempo de visita dos homens públicos, candidatos eternos, que só aparecem nestes períodos. São os profissionais do poder. O ano de 2022 será o tempo das visitas inesperadas, dos abraços longos, das palavrinhas mágicas ao pé do ouvido, das batidas nas costas, da autolouvação, da cantada política, do pedido de votos. É preciso estar preparado para recepcionar os vendilhões da imagem política pública. Quem gosta de uma comunidade não se afasta dela no tempo das vacas gordas, no tempo da estadia no poder, no período que goza das benesses do mesmo poder. É preciso encarar o oportunista, o salteador da consciência alheia, o paraquedista indesejado, o inventor de promessa. A política correta tem pagador de promessa.
A PALAVRA política vem de POLIS que significa cidade. Não é fácil ganhar uma eleição. Hoje, estamos vendo uma sociedade mais esclarecida, mais politizada. Os meios de comunicação como televisão, jornal, revistas, folhetos, internet e celulares, são muito diversificados. A mensagem é levada ao receptor com muita rapidez. O meio é tão importante que quase se confunde com a mensagem. Costuma-se dizer que o meio faz a cabeça das pessoas. É verdade. Basta olhar nas propagandas comerciais e nos pronunciamentos políticos. Vender a própria imagem é algo de artístico. Impor a imagem é um desafio. Absorver a imagem é extremamente difícil. Não é impossível, é trabalhoso, é desafiador, é luta, é gasto, é conversa, é delicadeza, é atenção, é aproximação, é arte.
Numa disputa política vence quem tem mais aceitação popular. O povo observa bem. O paraquedista, o jogador de última hora, só convence aos que favorecem com dádiva, presentes, promessas. Época de eleição é época de revelação. O público alvo dos candidatos de última hora é justamente a pessoa menos favorecida, a pessoa simples, os moradores de periferia, os menos assistidos. As promessas mirabolantes são bem aceitas pelos mais necessitados. Vender a imagem no meio dos desfavorecidos é mais fácil. As pessoas dependentes se contentam com pouco. O demagogo sabe disto e explora a situação com sabedoria ímpar. O povo humilde é seu foco de atuação. Suas palavras logram inseminar a esperança.
HOJE, por decisão impositiva do STF, através de alguns de seus ministros superpoderosos de dúbia personalidade jurídico-moral, outros alheios aos compromissos jurídico-populares, embora conduzidos aos poderes “anteriores” pelo voto, usam de seu cargo e competência para se protegerem com decisões autoprotetivas, transformando-se em meros julgadores, de Instância final, autobeneficiando-se.
As matérias da competência do STF constam do artigo 101, da Constituição Federal, especificamente em três grupos: 1) As que lhe competem processar e julgar originariamente, ou seja, como Juízo único e definitivo, basta ver o inciso I; 2) As que lhe incumbem julgar, em recurso ordinário, e, estão indicadas no inciso II; 3) e, finalmente, os que lhe tocam julgar em recurso extraordinário, que são as causas decididas em uma única ou última instância, inciso III.
“O Juiz deve conservar uma atitude estática, esperando sem impaciência, sem curiosidade, sem interesse pessoal, que os outros o procurem e lhe proponham, via processo, os problemas que há de resolver”. (Piero Calamandrei em: Eles, os juízes, vistos por nós, os advogados)