“OS MENINOS se apresentam em tamanhos, pesos e cores sortidas. Encontram-se por toda parte, em cima, embaixo, dentro, fora, trepados, pendurados, caindo, correndo, saltando. As mães os adoram, as meninas às vezes os detestam, as irmãs e os irmãos mais velhos os toleram, os adultos os ignoram e o Céu os protege. Um menino é a verdade de cara suja, a sabedoria de cabelos despenteados, a esperança de calça caindo” (Carlos Renê Egg).
A criança precisa brincar. Foi feita para brincar. Jamais para ser explorada por patrões desumanos, inconsequentes, desalmados, que só pensam em ganhar dinheiro a qualquer circunstância da vida. Ai, dos exploradores de fornos de carvão perdidos nas florestas, explorando o trabalho infantil, na busca do lucro a qualquer preço.
O mais belo exemplo de força universal foi de Cristo quando disse “Deixai que as crianças venham a mim, quem escandalizá-las melhor lhe fora que ele atasse uma pedra ao pescoço e se atirasse no fundo do mar”. Esta expressão é de valor eterno. É de uma força de uma gigantesca onda marítima lançada sobre a praia.
VOLTEMOS ao grande escritor Egg quando explicou o que é um menino: “Tem ele o apetite do cavalo, a digestão da avestruz, a energia da bomba atômica, a curiosidade do mico, os pulmões de um ditador, a imaginação de Júlio Verne, a timidez da violeta, a audácia da mola, o entusiasmo do buscapé e tem cinco polegares em cada mão quando pratica suas reinações”.
Ah! Como me lembro de minha doce tenra infância, com a mais ampla e feliz vida de criança ao lado de outros(as) irmãos(ãs), em São Miguel do Cajuru, distrito de São João Del-Rei, vila valorizada pelos políticos na busca de votos, mas sem água encanada, sem luz elétrica, sem asfalto, sem posto de saúde, sem grupo escolar e outras vantagens de ordem pública. Hoje, está bastante diferente, graças à competência de um pároco zeloso, chamado Clécio Alencar, que luta com grande vontade e força perante os políticos do Município.
Renê Egg, descreve a criança com suas notáveis palavras, assim: “Adora doces, os canivetes, as serras, o Natal e a Páscoa; admira os reis e os livros de figuras coloridas; gosta do guri do vizinho, do ar livre, da água, dos animais grandes, do papai, dos automóveis e dos aviões, dos domingos, dos traques e dos fogos de artifícios. Aborrecem-lhe as visitas, o catecismo, a escola, os livros sem figuras, as lições de música, as gravatas, os casacos, os barbeiros, as meninas, os adultos e a hora de dormir. É uma criatura mágica. Você pode fechar-lhe a porta de seu quarto de ferramentas, mas não a do seu coração”.
Tudo fez parte, naturalmente, de minha infância, já tão distante no tempo, mas tão presente na lembrança, dentro de uma família feliz, alegre e verdadeiramente unida.
ENFIM, retornando ao título “Como tratar a criança”, quero apenas expressar que ela merece toda sorte e forma de ser protegida, assistida e amada, porque é querida e protegida por Deus.