DIZEM QUE a riqueza não traz felicidade, se não for honesta. Não pode haver felicidade se ela for fruto de pilhagem, de ladroeira, de improbidade administrativa, de leis injustas, do crime organizado, dos assaltos, do contrabando, da venda de drogas e psicotrópicos proibidos, dos sequestros, da contravenção penal, da exploração dos menores, das manobras orçamentárias, da fabricação de leis que protegem o nepotismo, o favoritismo político, de compra de votos, da consciência popular, do mau uso das verbas públicas, do estelionato, do furto, do roubo, do abuso e tráfico sexual das jovens, dos genocídios à maneira de Hitler na Alemanha nazista com sacrifício e pilhagem dos bens particulares e patrimoniais judeus. Riqueza, que tem apoio nestas figuras e formas ilícitas, só pode conduzir moralmente à infelicidade porque é injusta.
ENTRETANTO pode e deve existir outra forma de riqueza material que conduz à felicidade, ao sorriso franco, aberto, sadio, certo, procurado e justo. A riqueza que não oprime, mas serve para produzir valores, patrimônios honestos, certamente é válida e proveitosa. A riqueza, fruto do trabalho, da inteligência aplicada, do esforço dedicado, constante, lícito, certamente tem as bênçãos celestes.
O evangelho narra o episódio do rico Epulão e de Lázaro como admoestação severa, perversa, condenada, da riqueza egoísta, sovina, egocentrista, desumana. O rico pode e deve rir com alegria, se sua riqueza é fruto da honestidade. Rico, às vezes, ri à toa, porque está contente, está bem com a vida farta que tem. Não pode haver e não há reprovação nesta manifestação espontânea de viver feliz com o que tem, fruto de seu trabalho digno.
Um negócio bem realizado, uma empresa produtiva, vitoriosa, crescente, sã, honesta, fruto da boa visão negocial, é valioso, é importante, é de ser vivido para o bem próprio e dos seus familiares. Exemplos dignos desta forma de negociar não faltam. O que não se aprova é o egoísmo, é o apego exagerado, é a omissão de socorro ao necessitado, é a opressão do subordinado, é o mau uso da riqueza, é a falta de fraternidade, é o esquecimento do pobre, é o esbanjamento desenfreado sem considerar o sofrimento dos que padecem. Cristo, no evangelho, elogiou o administrador fiel e condenou o mau uso dos talentos recebidos.
Crescer, progredir, buscar a riqueza em si, nada tem de mal ou de reprovável. O mau uso condena sim, seu autor.
ENFIM, vivemos num mundo em que a riqueza é valorizada, em detrimento da pobreza. Ora, Cristo sempre defendeu a pessoa mais fraca, mais desvalida da sorte. Vítima de uma sociedade injusta estará sempre, em segundo lugar, na sua ascensão economicamente valorizada. O mais importante não é a riqueza insensata, insensível, opressora, mas aquela que valoriza o desapego, o amor ao mais fraco e necessitado.
Por isso, o amor é a maior expressão da sensibilidade voltada para o próximo necessitado. Quem ama, ajuda!