O Liberal
Ponto de Vista do Batista
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Violência silenciosa II

Nylton Gomes Batista
Sei que posso ser considerado exagerado por tentar desnudar a outra face da violência doméstica, e, isso é compreensível, pois, em se tratando de uma cultura fortemente arraigada, na qual a violência sempre foi considerada predicado masculino, é difícil pensar de modo diverso. Por nunca ter sido autor e nem vítima de violência doméstica, portanto não comprometido com qualquer dos lados da questão, sinto-me à vontade para expor o que penso, sem medo de eventuais críticas, reações que considero naturais, por ser polêmica de alto calibre.
O fato é que o reprovável na sociedade, quanto mais oculto ou protegido, pior é o resultado, piores são as consequências, cabendo, portanto, à parte prejudicada se levantar e denunciar, ainda que à custa do orgulho ferido. Assim como a mulher vítima, o homem, nas mesmas circunstâncias deve erguer a voz! Que o machismo ridículo seja mandado às favas!
Na natureza entre os dois gêneros, força bruta e rudeza convergem para o homem, ficando com a mulher, leveza, delicadeza, finura, para fazer com que os opostos se atraiam. Com base nessas características, ao homem é ensinado, ainda que sutilmente, ser ele superior à mulher e que sua vontade deve prevalecer sobre a dela, o que acarreta, em mentes mais fracas, a exacerbação da força física e seu emprego para imposição de sua vontade. Segundo os princípios machistas, dentro de casa, é do homem a primeira e a última palavra em qualquer assunto, acrescentando-se que ele não pode ter medo, não pode chorar, não pode expressar dor, não pode sentir frio e, para a ala mais radical, não pode nem ser educado! Se não para todos, para muitos isso pode custar caro!
Do outro lado da moeda, as coisas podem seguir o princípio de que “homem nenhum presta” e em casos de radicalização, comportamento suspeito, seria o caso de se prevenir, legalmente, mas o “orgulho” machista fala mais alto: “eu sou homem e vou superar isso sozinho”, “que dirão de mim, se pedir ajuda?” – “dirão que sou um frouxo”, “vão zombar de mim”. Acaba por minimizar o perigo, concluindo que a companheira não lhe fará nenhuma violência, mas, conforme dito em texto anterior, nem sempre a violência vem da força física, com uso ou não de arma letal, pela própria pessoa ou com participação de terceiros. Até para o caso de separação definitiva, em consequência de suspeitas bem fundamentadas ou fortes evidências, é importante que haja registro policial, assim como se recomenda no caso da mulher vítima. Não há que ter vergonha. Homem e mulher são seres iguais; duas faces da mesma espécie. Ambos têm virtudes e defeitos. O homem confia demais no que ouve sobre seu gênero e nem desconfia do que é capaz a mulher, em compensação à sua natural fragilidade física! Ele, muitas vezes, entende que a força física é tudo e que falar grosso impressiona sempre, mas é aí que se engana.
A mulher tem a seu favor maior grau de intuição e psicologia, mais bem empregada por seu gênero, além do poder de sedução, habilidades nem sempre percebidas e, às quais o homem se rende facilmente, confiante além dos limites nos dotes masculinos.
No caso apresentado na edição anterior, há fortes evidências de intenção feminina voltada à eliminação do homem. Entretanto, a comida, supostamente envenenada, não chegou a ser consumida porque galinhas morreram após comerem porção dela; e o machado, apenas exposto em local inadequado, levou o homem a tomar a decisão que tomou. Como o alimento não foi periciado, não se pode dizer que o homem teria morrido se dele tivesse comido. Nenhum dos dois incidentes teriam força para uma acusação formal de tentativa de homicídio, mas poderiam ter sido registrados, na polícia, como antecedentes a eventuais e imprevisíveis desdobramentos. O machado, mal escondido nos pés da cama, não significa que a mulher pretendesse usá-lo contra o homem, pois, para isso, a ferramenta não precisaria estar ali com antecedência. Como a suposta tentativa de envenenamento falhara e a pretensa vítima não tomou nenhuma providência contra a pressuposta agressora, a mulher teria usado o machado apenas para aterrorizar, o que conseguiu, pois o homem dela se afastou. O machismo é um tiro no pé do homem!

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