Nylton Gomes Batista
A grande maioria das pessoas sabe, até por experiência própria, que a música expressa emoções, ideias e sentimentos por meio de sons e ritmos. Ela expressa o que sente o compositor ao criá-la, e esses sentimentos e emoções acabam por ser transferidos a quem a ouve, causando então, na maioria das vezes, semelhante estado de espírito manifestado no momento de sua composição. Por essa razão, a música pode ter diversos efeitos no estado psicológico e na saúde mental do ouvinte, dependendo da natureza da música, do contexto em que ela é ouvida e das preferências pessoais de cada um.
De acordo com especialistas em saúde mental, a música suave, caracterizada por ritmo lento, notas mais longas e, se instrumental, executada por instrumento de sons delicados pode exercer vários efeitos benéficos, tais como redução do estresse e da ansiedade, ajudando ainda no relaxamento do corpo e da mente, gerando então o bem-estar. A música suave pode também ajudar no sono, facilitando o processo do adormecimento, melhorando ainda a qualidade e a duração do sono. Por meio dela, pesadelos podem ser reduzidos. Outros benefícios da música suave podem ser observados no aumento da concentração e da memória como consequência do estímulo que ela proporciona ao cérebro. A música suave favorece a criatividade e a resolução de problemas, que são habilidades importantes para o desenvolvimento pessoal e profissional.
Ao contrário, a música agitada, caracterizada por ritmo rápido, notas mais curtas e, se instrumental, executada por instrumento de sons mais fortes e agressivos, pode também ter vários efeitos na saúde mental do ouvinte, dependendo da situação e da personalidade de cada um. Ela estimula o aumento da energia e da motivação, despertando o corpo e a mente, bem como melhorando o humor e a autoestima, fatores deveras importantes à saúde mental. A música agitada pode melhorar o desempenho físico e mental, potencializando o rendimento em atividades que exigem força, velocidade e resistência, como esportes, exercícios e jogos. Pode também aumentar a capacidade de reação, a coordenação e a precisão, que são habilidades úteis para diversas situações. Contudo, pode ela causar irritação e agressividade, gerando tensão e desconforto no corpo e na mente; daí, muitas vezes, as explosões de violência em locais e proximidades onde esse tipo de música é executado.
Existe a música monótona, caracterizada por ritmo mais lento que o usual, notas bem longas, melodia repetitiva e suave, em volume estável, que pode influir na saúde mental do ouvinte, a depender do objetivo e da duração da exposição. Pode-se dizer que ela é de natureza hipnótica, pois pode provocar transe, alteração da consciência, relaxamento profundo, indução ao sono, além de facilitar acesso a memórias, emoções e sensações.
A música alegre, caracterizada por notas de valores variados, subindo e descendo a escala, sob ritmo bem cadenciado, tem por mérito melhorar o humor e o grau de satisfação do ouvinte, além de reduzir sintomas de depressão. Fortalece o vínculo social e a empatia, desperta sentimentos de apreço e gratidão pelo que se é e pelo que se tem.
A música triste, também caracterizada por ritmo mais lento, muitas das vezes composta em tom menor, executada de forma suave, tem seus efeitos no ouvinte, aguçando sentimentos amargos, provocando lembranças dolorosas; isso de acordo com o estado de espírito da pessoa. Entretanto, para destacado grupo de apreciadores de música, esse é o tipo que desperta os mais profundos sentimentos de paz e gratidão. É, contudo, contraindicada a pessoas em estado de depressão.
Esses são os tipos mais comuns de música, mas faço questão de acrescentar um por minha conta. Classifico-a como “música horizontal” ou “música deitada”, também monótona, porém de qualidade horrível por sua extrema mediocridade. Esse tipo de música, notas repetitivas, bem próximas entre si, que pouco escapam aos limites do pentagrama, para cima ou para baixo, vem zoando em nossos ouvidos há algum tempo, em alternância com o barulho dos “subwoofers”, orgulho dos “jecas-do-asfalto”. É o paradoxo do século 21: tecnologia sonora avançada e extrema pobreza musical! Como haver saúde mental?
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