Por Nylton Gomes Batista
Há algum tempo, publicou-se, nesta coluna, pequena série de artigos, nos quais se aventurava com incursão no campo da futurologia, na base do “chute”, é claro, porém levando em conta o andar da carruagem em que viajamos. A partir de fatos registrados não é muito difícil deduzir o que vem a seguir. Tendo em vista as possibilidades, quase infinitas, oferecidas pela internet, e, observando a evolução do comércio eletrônico (e-comerce) a alcançar o consumidor, em qualquer parte do mundo, com grandes vantagens sobre o comércio tradicional, ficava clara a tendência de mudança de rumos no mercado.
Foi assim que se vislumbrou, naqueles textos, o desaparecimento gradativo das lojas de rua (lojas físicas), dando lugar então a sites, portais e plataformas, na internet, onde tudo ou praticamente tudo passaria ser comercializado. Eliminada a loja física, a produção industrial seria planejada à luz da demanda, o consumidor em contato direto com o fabricante (algumas indústrias já assim procedem) encomendaria o produto, de acordo com modelos disponibilizados. Além da internet, o consumidor contaria com locais, onde produtos de destaque seriam expostos e demonstrados por meio de projeções holográficas. Não tendo que produzir para estocar, o custo industrial baixaria drasticamente, ensejando investimentos em qualidade e outros atrativos à vista do consumidor, antes que este tome outra decisão em meio à concorrência.
Pois bem, em dados divulgados pelo próprio governo, informa-se que, nos últimos três anos, em comparação com o triênio anterior, as vendas eletrônicas de bens e serviços, praticamente, triplicaram no Brasil, ao mesmo tempo que somos o segundo país, no mundo, com maior tendência ao comércio eletrônico. Por óbvias razões, o primeiro é a China. Outro dado vem da YouGov Global Profiles, multinacional especializada em pesquisa de mercado on-line. De acordo com suas pesquisas, algo em torno de 55,1% dos brasileiros preferem comprar pela internet, deixando de lado as lojas físicas. É um dado muito superior à média geral da América Latina. que é de apenas 35,1%. A conclusão, diz a reportagem, é que o comércio eletrônico veio para ficar, e, só supermercados tendem a sobreviver. Eu não diria “só supermercados”. Esqueceram-se do ramo dos medicamentos. Assim como alimentos, que o consumidor precisa ter às mãos, remédios também não podem estar longe, no espaço e no tempo, quando o consumidor precisa deles para ontem. Por isso, farmácias e drogarias deverão continuar. Voltando àsevisões anteriores, naqueles textos mencionei a vantagem da época dos alfaiates, modistas, costureiras e sapateiros, quando se vestia e se calçava sob medida. Com o avanço da tecnologia, isso será, novamente, possível. Creio não estar muito longe, no tempo, quando o consumidor mediante medidas, tomadas automaticamente numa cabina eletrônica, encomendará à fábrica sua roupa e seu calçado. Alguém duvida?
Essas previsões foram feitas bem antes de a inteligência artificial aparecer para o público e virar assunto corriqueiro e polêmico. Diante dessa novidade, que assusta a muitos, aqui registrei também que há profissões tendentes a desaparecer e, entre elas, citei o advogado e o corretor de imóveis. Advogado, só para causas mais complexas, foi o que disse na ocasião. Pois é: o primeiro robô advogado do mundo já entrou em ação nos Estados Unidos! Daqui para frente, a tendência é de que milhares de causas menores sejam resolvidas no âmbito da inteligência artificial – IA. O bafafá gerado pela consequente redução de postos de emprego não tem sentido, pois desde quando o mundo é mundo, mudanças e transformações se sucedem. No primeiro momento há, realmente, impacto e perdas, mas, em seguida e gradativamente, as coisas se acomodam. Em decorrência da mudança, surgem outras necessidades, outros problemas, cuja solução caberá ao trabalho humano. Com o surgimento da informática, por exemplo várias profissões relacionadas a essa área foram criadas e, amplamente, reconhecidas. Estas são algumas das principais atividades criadas com o advento da informática: Desenvolvedor de software – administrador de sistemas de computador – analista de sistemas – engenheiro de software – especialista em segurança da informação – gerente de projetos de TI – administrador de banco de dados – especialista em suporte técnico. Aqui sõ citadas apenas algumas das profissões criadas a partir do surgimento da informática. Com o avanço tecnológico contínuo, novas oportunidades profissionais continuam surgindo na mesma área.