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Ponto de Vista do Batista
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Segunda Honduras?

Por Nylton Gomes Batista
O grau de incerteza em que vive o mundo chega a um ponto em que qualquer absurdo pode nos colher de surpresa, a exemplo do aqui relatado, semana passada, sobre o dito 20º Índice global de Liberdade de Imprensa, emitido pela organização Repórteres Sem Fronteiras – RSF, que aponta o Brasil em 110º lugar entre 180 países analisados. No que toca exclusivamente ao Brasil, o documento é infamante, é uma injúria, pois só não vê quem não quer. Se não houvesse liberdade de imprensa e perseguição houvesse contra jornalistas, praticamente todas as corporações de mídia já teriam sido fechadas e jornalistas estariam sem o que fazer. 
O volume de ataques ao presidente da República com denúncias sem fundamento, acusações sem provas já superou, em muito, a escala minimamente tolerável por qualquer ditador ou candidato a tal posição. Não se sabe de ninguém processado, perseguido ou preso por ter ofendido ou injuriado o chefe do governo constitucional. Por ter contrariado o “governo paralelo”, sim; há impedimentos à livre expressão, perseguições, prisões e retenção de renda por trabalho nas redes sociais. A Constituição Federal tem sido, simplesmente, ignorada pelo STF, poder ao qual cabe o zelo pela Lei, mas nada disso foi considerado pela RSF, ou foi informado pelo jornalista brazuca. 
Na mesma semana, o público tomou conhecimento de outro fato ultrajante, não de agora, mas de há quase um ano, sob a forma de tentativa de interferência em assuntos internos brasileiros, mais diretamente sobre as ações do presidente da República. Segundo se informou, em junho do ano passado, o diretor da CIA (Agência Central de inteligência), norte-americana, quando aqui esteve, “recomendou” ao presidente brasileiro que não criticasse ou levantasse dúvidas sobre as urnas eletrônicas. Segundo comentaristas esse “pitaco” estrangeiro teria sido feito em tom de ameaça, o que agrava ainda mais a intromissão indevida. Ainda bem que o mandatário brasileiro não abaixou a cabeça e continua clamar por mais segurança no processo eleitoral. Sua denúncia não é isolada, mas segue a mesma linha de pensamento de especialistas que, há muito, denunciam a vulnerabilidade do modelo de urna adotado. 
Os dois episódios, relatório da Repórteres Sem Fronteiras” e intromissão da CIA americana, parecem fazer parte da mesma estratégia do esquema internacional, que tem o Brasil como a “peça da vez” a se mover no tabuleiro de xadrez, nas mãos dos que pretendem ter o domínio mundial. 
O momento político brasileiro tem certa similaridade com o vivido por Honduras, em 2009. Naquela ocasião, o presidente hondurenho queria se reeleger, o que era proibido pela constituição do país, e chegou a tomar medidas, objetivando consecução de seu propósito, incluindo-se até ações de países, cujos governos eram da mesma linha política. A reeleição era proibida por cláusula pétrea e considerada como “traição à pátria”. Em vista disso, o presidente foi afastado pelo poder judiciário, gerando então a célebre crise, durante a qual o presidente afastado asilou-se na embaixada brasileira. 
Todo o mundo caiu de pau nos poderes legislativo e judiciário, que teriam dado um golpe e deposto o presidente. Entretanto, o mandatário hondurenho não foi deposto, porém caiu por si só, na tentativa de violar a constituição nacional. O país ficou isolado politicamente, sem apoio de qualquer organização internacional como, por exemplo, a ONU e OEA; até o governo norte-americano lhe negou reconhecimento à ação legítima e rigorosamente constitucional. Para todos, o errado é que estaria certo! Mas, prevaleceu a constituição hondurenha sob as asas do poder, que tem a missão de garanti-la. O resto do mundo enfiou o rabo entre as pernas e fechou o bico, de vez! 
No Brasil é o contrário. Parte do Judiciário, acalentada por ações internacionais, comanda uma oposição política radicalizada que, não aceitando o resultado das urnas em 2018, tenta derrubar o presidente, desde a posse, ou tenta impedir sua reeleição, que está de acordo com a Constituição. Assim como lá, espera-se que vença a Constituição!

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