Por Nylton Gomes Batista
Minta, minta até que a mentira se torne verdade! De acordo com registros históricos essa era prática da manipulação da opinião pública por parte do departamento de propaganda do Partido Nazista. Seu mentor e dirigente, Joseph Goebbels, pregava a seus comandados que a manipulação da opinião pública era facilmente realizada por meio da mentira que, repetida milhares de vezes, tornava-se verdade para quem a ouvisse.
Parece ter sido copiada daqueles sombrios dias, vividos na Europa, a estratégia empregada no Brasil, para inverter a realidade no tocante à liberdade de expressão. Na segunda semana de maio último, abordei o caso do relatório ou 20º Índice Global de Liberdade de Imprensa, emitido pela organização Repórteres Sem Fronteiras – RSF, que mostrou o Brasil em 110º lugar, em liberdade de imprensa, entre 180 países analisados. Segundo um jornalista brasileiro, radicado em Londres, a baixa cotação do Brasil, em liberdade de expressão, se deveria ao chefe do Executivo, “que ataca regularmente jornalistas e a mídia em seus discursos”. Observe-se que ele diz “ataca… em seus discursos”. Em nenhum momento, tal jornalista apresenta um caso de censura governamental, de violência física contra jornalista, de prisão de qualquer pessoa, por ter dito isso ou aquilo do governo. E nem ataques são, mas, reações legítimas e naturais a toda sorte de mentiras, distorções e factoides criados.
O Brasil não está no melhor dos ambientes, em termos de o cidadão expressar, livremente, o seu pensamento, pois há censura sim, pessoas têm sido presas por expressar sua opinião, canais das redes sociais têm sido bloqueados ou desmonetizados, levando seus titulares a prejuízos com a perda de renda.
Entretanto, esse quadro atípico, nesse regime dito democrático, não se deve ao governo ou ao presidente, conforme, falsamente, se lhe atribui o brazuca, comodamente instalado em Londres, longe da realidade vivida por nós outros brasileiros. Ele nada disse sobre o “governo paralelo” formado pelos descontentes com o resultado das urnas, em 2018, que inclui a própria mídia corporativa, sob o comando de alguns ministros do STF. Ele também não esclareceu que perseguidos, presos, processados, condenados e prejudicados são, unicamente do grupo “constitucionais”, ou seja, do lado governista. Integrantes e simpatizantes do “governo paralelo” podem tudo fazer e falar, até mesmo danificar patrimônio público e privado, conforme visto em eventuais manifestações públicas, ou desejar a morte para o presidente da República, em artigos jornalísticos e postagens nas redes sociais.
Pois bem, tudo se repete, cerca de dois meses depois, por meio de outra organização internacional, a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, na sigla em espanhol) provavelmente, a serviço do “governo paralelo”. Segundo seu Índice de Liberdade de Expressão e Imprensa Chapultepec, o Brasil ocupa a 19ª posição, atrás apenas da Nicarágua, Cuba e Venezuela, numa lista composta por vinte e dois países. A matéria que apresenta o “resultado” repete as mesmas falsidades ditas quando divulgado o índice da organização Repórteres Sem Fronteiras. Seguindo a mesma linha da matéria divulgada, em maio passado, é dito que “com interferência do Executivo, Brasil tem liberdade de expressão ‘restrita’”. “O discurso autoritário do Poder Executivo não só atinge a imprensa com constantes ataques e ofensas, como também deteriora a já frágil democracia no país”.
Não há nem como amenizar a reação, em tom educado e meias palavras, para não ferir suscetibilidades. Aliás, suscetibilidade é o que não têm integrantes do “governo paralelo”. Perderam a vergonha e a compostura, por completo. Pode-se dizer que é canalhice mesmo! Produzem a m… e nem se escondem, mas querem que todos acreditem que é obra daquele a quem querem atingir! Não há um só caso de cerceamento à liberdade de expressão por parte do Executivo federal, legalmente eleito. Todos os abusos e excessos, à margem da Constituição, têm sido cometidos por alguns membros do Judiciário, cuja atuação dentro do “governo paralelo”, em confronto com o governo constitucional, nem se disfarça.
Tantas mentiras repetidas durante os últimos três anos é a continuidade do pensamento e prática da estratégia conduzida por Joseph Goebbels, nazista de primeira linha e responsável pela propaganda do governo de Adolph Hitler. O “governo paralelo”, no Brasil, aplica a estratégia nazista, em sua ânsia de tomada do poder, mas a suástica é pregada no peito da vítima.