Por Nylton Gomes Batista
O Brasil está em plena campanha eleitoral oficial, desde o dia 16 último, o que não corresponde à prática, pois, na verdade, a campanha corre solta, há muito tempo. No linguajar do povo, estamos em “época de política” e política é algo que, na visão de grande parte da população, se mostra simplesmente deplorável. As pessoas dizem não gostar de política. Mas, o que é política?
Em primeiro plano, dicionários dizem ser a “arte ou ciência de governar”, o que implica em organização, direção e administração de nações ou estados. Pode ser também “série de medidas para obtenção de um fim”, o que define “política” como algo muito mais amplo que o, comumente, entendido pelo povo. Por essa segunda acepção (série de medidas para obtenção de um fim) percebe-se que a política se aplica a tudo, a começar do modo de viver de cada um, no relacionamento com os semelhantes, nos estudos, no trabalho, nos meios de conquista de seus objetivos etc. Ao mesmo tempo, o indivíduo, na qualidade de cidadão, pensa e age pró melhoramento da qualidade de vida, na comunidade em que vive, estendendo-se esse comportamento até o nível de nação. Essa, sim, é a verdadeira política, que todos já praticam, bem ou mal, independentemente do que possam ter aprendido, tendo em vista que somos livres para escolher o caminho a seguir. Então, se política se aplica à vida pessoal, para que o indivíduo se valorize, muito mais necessária se torna ela, para a convivência em sociedade. Conclui-se que política não é deplorável, não é algo ruim a ser evitado.
Na verdade, quando alguém diz não gostar de política, que detesta política, está a se referir à política partidária. As pessoas se referem aos meios ou modos conhecidos de se fazer política e não a ela em si. Infelizmente, a disputa pelo poder, na administração pública, não se faz pelo melhor caminho, porque a divisão da sociedade em grupos políticos já pressupõe o domínio de um deles ou vários sobre toda a sociedade, o que contraria o princípio da democracia, ou seja, o povo no poder. Mas, esse aspecto negativo, o mais danoso em todo o processo de inversão do conceito de democracia, o povo não percebe, mas sente o impacto da beligerância entre as partes disputantes. Por essa razão grande parte da população diz não gostar de política! Militantes (os não disputantes), de um lado e do outro, se agridem verbalmente, insultam-se, quando não chegam à violência física, podendo terminar em morte, derivando disso correntes de inimizades, das quais não escapam nem círculos familiares; pais e filhos, irmãos entre si, marido e mulher, entram em atrito e podem chegar a rompimento definitivo, em decorrência de lutas partidárias. Enquanto tudo isso acontece dentro da sociedade, passada a batalha eleitoral, tudo fica bem entre disputantes. Em muitos casos, os de agora “inimigos”, no futuro, serão fervorosos parceiros. O povo só perde e somente o povo perde!
Está na hora de o povo se levantar e exigir a mudança do sistema, que já provou ser corrupto, estúpido, enganoso e gerador de violência. Conforme já dizia Simone Weil (filósofa francesa) em relação a partidos políticos: “Se confiássemos ao diabo a organização da vida pública, ele não poderia imaginar nada mais engenhoso”. Entre os eleitores, poucos são os que sabem de uma vergonhosa característica do sistema político brasileiro. Segundo especialistas no assunto política, dos atuais 513 deputados, na Câmara Federal, somente 27 foram eleitos pelo voto direto, em si próprios; os demais foram eleitos indiretamente, contando-se entre eles muitos, que foram menos votados que outros não eleitos; é o chamado voto de legenda, uma maracutaia legal, pois é da Lei eleitoral.
Com base nela, os partidos vão atrás de celebridades populares e lhes oferecem a oportunidade de se candidatar, vendo-as como possíveis puxadoras de votos. Dando certo conforme o previsto, os votos excedentes ao necessário, para se eleger, são distribuídos aos abaixo, menos votados, na lista do partido.
É mais uma prova de que o povo não tem poder de governo, conforme preceitua o conceito de democracia, e, nem os parlamentares são seus representantes; representam, sim, seus respectivos partidos. Veja que a grande maioria não foi eleita pelo povo, mas, sim, pelos partidos. Dá para entender toda a sujeira, ou quer que desenhe? Viram que todo o processo da Lava-jato foi para o ralo? Isso foi graças ao poder dos partidos políticos. Se não forem abolidos do sistema, a corrupção ressurgirá com mais força ainda. Essa é a verdade! nbatista@uai.com.br
Partidos políticos já fizeram mal demais à humanidade!