O que mais incomoda e agride a pessoa, em sua individualidade, é ter que mudar, assumir outra condição, por força de circunstâncias sobre as quais não se tem controle. Muda-se, sim, em qualquer sentido, sem questionamentos e por vontade própria, ainda que nem se vislumbre, no futuro, o resultado daquela mudança. Ao contrário, a certeza do sucesso pode não ser a alavanca para uma tomada de decisão. É a zona de conforto a falar mais alto! A comodidade também impede que se caminhe. E quanto ao pensamento?
Muito mais difícil assumir outro modo, outra via de pensamento, sabendo-se, de antemão, que vai contra o usual em toda a sociedade, contra posições estabelecidas e consolidadas. Em se tratando de questões morais, essa é a posição correta, por uma questão de ética e de respeito à coletividade, da qual o pensamento individual pode divergir, mas guardando silêncio, para não escandalizar ou causar traumas. Contudo, o pensamento político, que não se enquadra na moral, tem sido enquadrado dentro de partidos como único e correto (daí o “politicamente correto”, não?), o que não bate com a realidade. Há mais de dez anos uma pesquisa revelou que 45% dos entrevistados pensam numa democracia sem partidos; sabendo-se também, pelo mesmo meio que, entre as instituições mais respeitadas pelo público, os partidos políticos estão em último lugar. Tem-se como verdade a sociedade dividida em muitos partidos políticos e, pior ainda, que respondem por duas ideologias, radicalmente antagônicas. Nada mais falso! Há uma terceira corrente, silenciosa, porém avessa a tudo isso que aí está; que gostaria de poder escolher, livremente de verdade, seus governantes e representantes nos parlamentos, sem ser tungados pelos partidos em seus direitos de cidadania, ou seja, de participar das decisões, diretamente com seus representantes, conforme reza o conceito de que, na democracia, o poder emana do povo.
Essa terceira corrente assim pensa, porém não quer se expor à crítica, preferindo acomodar-se ao estabelecido e perpetuado pelos partidos, desde que surgiram como meio de disputa pelo poder. Mas, na linha do tempo, há um momento em que essa inércia se quebra e a terceira corrente viabiliza a instauração da verdadeira democracia. Não há como resistir à era do “não” ao intermediário. De certa forma, partidos políticos até que eram necessários enquanto não surgiam meios de interação mais eficiente entre o povo e o aparelho governamental. Por meio deles podia-se carrear as necessidades, anseios e reivindicações do povo até os governantes, mas os partidos passaram a fazer tão somente o jogo do poder, pelo poder, em detrimento do atendimento à coletividade. Dessa omissão, de um lado, e interesses partidários, de outro, passou-se a negociatas e, finalmente, à corrupção organizada em nível empresarial, conforme se apurou na operação Lava-jato.
Acreditou-se ter chegado ao fim da linha com a punição dos culpados, mas não se considerou que os partidos estavam acima da Lei e, com a colaboração de guardiães da mesma, poderiam torcê-la para salvar seus protegidos. Assim foi feito e o Brasil se tornou um país, institucionalmente, dividido em dois: um governo constitucional, legalmente eleito, e outro, paralelo, sob o viés totalitário, formado pelos partidos derrotados, nas eleições de 2018, sob o comando de ministros do STF. Criminosos, investigados, denunciados, julgados e condenados, foram soltos. Em lugar deles, agora prendem, irregularmente, empresários por imitirem, em caráter privado, opinião sobre o sistema. Antes disso outras pessoas foram presas, também irregularmente, e outro tanto vem sofrendo punições arbitrárias por emitirem opinião contrária ao esquema do “governo paralelo”. Que raios de democracia é essa?
Se democracia fosse, os apanhados nas malhas da Justiça ainda estariam a cumprir pena, e, ninguém do Poder Judiciário estaria a fazer da Constituição um instrumento às avessas, para violar direitos de quem quer que seja! Não há democracia porque os partidos impedem que haja! Sem a cobertura dos partidos, políticos com segundas intenções nem se candidatariam, abrindo espaço então para os leais ao povo, honestos em todos os sentidos. Sem partidos, não haveria militância política dentro da estrutura da República! Sem partidos, o país não estaria nesse clima tumultuoso, belicoso, no qual têm destaque mentiras, factoides, denúncias vazias, perseguições, tudo com vistas à destruição do opositor, ainda que irmão sob a mesma bandeira!
PARTIDOS POLÍTICOS JÁ FIZERAM MAL DEMAIS À HUMANIDADE!