Por Nylton Gomes Batista
A primeira contestação por parte daqueles que entendem política como contenda ou embate entre grupos é que, segundo eles, sem partidos políticos não há oposição, e, sem oposição não pode haver democracia. É a mentalidade travada ou limitada por viseira, que impede a visão periférica, onde se encontram as alternativas à realidade rotineira, viciada ao longo do tempo mediante manipulação dos que, em torno do poder, querem estar nele, ficar e nele continuar, ainda que custosamente pago pelo povo, o eterno enganado.
É claro que, na democracia aberta, não deixaria de haver oposição; o que não prevaleceria é a modalidade vigente, na qual se elevam picuinhas partidárias sobre os interesses do povo e da nação; é claro também que deixaria de haver a oposição sistemática, burra, contrária a tudo e a todos. No sistema sem partidos, ou democracia aberta, a oposição deixaria de ter forma fixa, composta pelos mesmos elementos, para se tornar variável e pontual. Ela se faria em torno de ideias, programas e projetos em discussão, assim como se procede na direção de quaisquer grupos na sociedade, como empresas e associações em geral. Discutir-se-iam conveniências e inconveniências, prós e contras, benefícios e malefícios, conformidades e inconformidades, isto é, todos os aspectos a envolver uma questão, sem choque de grupos e sem que posições políticas se transformassem em moeda de troca com o poder executivo. Com a aposição sob nova modalidade, desapareceria a nefasta política do “toma-lá-dá-cá”, deixando o executivo livre para governar, pôr em prática as decisões do parlamento. Por fim, está bem claro que o novo sistema não deve agradar a corruptos e não poderá servir de escada para “subir na vida”, amealhando benesses, que a vida pública proporciona com o sistema político-partidário. Do lado de fora do balcão do serviço público, a outra face da corrupção ficará sem com quem fazer parcerias milionárias para, então, sugar recursos recolhidos da coletividade, sob a forma de tributos, e que a ela devem retornar sob a forma de educação, saúde e segurança entre outras medidas e ações voltadas ao bem-estar de todos.
Esse seria pequena parte do cenário num sistema sem partidos, tendo como aliada a tecnologia blockchain a integrar toda a máquina governamental e o eleitor que, conforme já dito, seria voluntário e não mais obrigado a se inscrever no sistema. Como as eleições se processariam em rede blockchain, sistema descentralizado, que gera confiança e garante integridade de dados, sem depender de uma autoridade central, o Tribunal Superior Eleitoral e sua ramificação em todas as unidades federativas seriam dispensáveis. Imagine-se a economia a se gerar com o desmonte do aparato do tribunal eleitoral que, diga-se de passagem, não existe em outro lugar do mundo; somente o Brasil conta com essa coisa! Nem se fala aqui dos custos de uma eleição e dos processos gerados por ela dentro do sistema político em vigor. Só o fato de eliminar dúvidas, querelas jurídicas, confrontos físicos e mortes já seria lucro! Campanhas políticas, totalmente online e não mais dependentes de grandes somas, seriam custeadas pelos próprios candidatos; nada de “fundão” e outras tretas para desviar dinheiro público! Aliás, mesmo dentro desse sistema corrupto, ficou provado que com pouco dinheiro se faz campanha e se vence eleição! A interação eleitorado/candidatos, via redes sociais somada a outros recursos dentro da internet, já demonstrou mais eficiência que custosos comícios e showmícios milionários.
Quanto aos partidos, nenhum deles merece confiança e, dentro da campanha eleitoral em curso, muitos são os casos de o partido ser escondido nas propagandas dos candidatos, devido à alta rejeição do povo às entidades partidárias. Esse é um forte sinal, para que se desencadeie um movimento popular, em torno da abolição dos partidos políticos e consequente implantação da Democracia Aberta, ainda que seja o Brasil o primeiro país a adotá-la. Nos últimos trinta anos de escândalos e corrupção, a sociedade brasileira viu, nos partidos políticos, prostíbulos, ambiente no qual muitas são as oportunidades de corrupção de políticos. Que se limpe a vida pública brasileira, retirando esse entulho nauseabundo, que mais serve aos corruptos do que aos políticos bem-intencionados. Com a revolução tecnologia em curso, a tendência é a saída de cena da figura do intermediário. Entre o povo e o bom político o que atrapalha é o partido político, importuno intermediário; que ele saia do caminho!
PARTIDOS POLÍTICOS JÁ FIZERAM MAL DEMAIS À HUMANIDADE!
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